Em reação ao programa de combate ao desemprego jovem, hoje aprovada pelo Governo em conselho de ministros, os partidos da oposição falam em «mais do mesmo».
O conselho de ministros aprovou hoje o programa "Impulso Jovem" que possui um fundo superior a 344 milhões de euros e que cobre um universo de 90 mil jovens, que dará prioridade às chamadas regiões de convergência (Norte, Centro e Alentejo).
Mas onde o Governo vê mais emprego jovem, a oposição critica medidas avulsas e adivinha trabalho mais precário com salários mais baixos.
O PS acusa o executivo de ter falhado na aplicação de anteriores programas contra o desemprego jovem, sublinhando que parte das medidas hoje aprovadas não serão aplicadas em Lisboa e no Algarve, regiões onde mais se sente o desemprego.
Por isso, o deputado socialista Miguel Laranjeiro encara com desconfiança o anuncio do Governo.
«Mais do mesmo. Relativamente aos estágios que confiança e credibilidade pode ter o Governo quando a principal medida de estímulo de 2012 tem uma execução de menos de cinco por cento, em 35 mil com objetivo tem apenas 1100 abrangidos. Importa também que os portugueses saibam que estas medidas, que agora foram apresentadas, não vão ser aplicadas em duas grandes regiões, a Lisboa e ao Algarve, precisamente as duas regiões com maior número de desempregados», destacou Miguel Laranjeiro.
Pelo PCP, a deputada Rita Rato suspeita que o resultado final do programa "Impulso Jovem" será o aumento do trabalho precário.
«Se fossem estágios para garantir emprego com direitos, nós podíamos dizer que estamos de acordo. Agora o que este Governo pretende, depois de uma alteração muito para pior do código de trabalho, é substituir os trabalhadores por trabalhadores sem direitos. É óbvio que para quem está em grande dificuldade mais vale um emprego precário do que nada, mas também mais vale ter duas pernas do que nenhuma. Mas aqui não se trata do pior, trata-se de emprego com direitos», sublinhou Rita Rato.
Em sintonia crítica, também o Bloco de Esquerda pressente uma estratégia para baixar salários, referiu a deputada Catarina Martins.
«Os apoios do Estado, os incentivos fiscais do Estado, aplicam se apenas à criação de trabalho barato, por salário baixo. Os limites impostos significam que o que está a ser incentivado é a criação de emprego barato e está de uma forma verdadeiramente abusiva a utilizar gerações mais jovens, vítimas de um desemprego galopante, para conseguir essa baixa salarial em todos os trabalhadores», contestou a deputada bloquista.
Mesmo antes de ouvir estas críticas já o líder parlamentar do PSD, Luís Montenegro, tinha dado a resposta, dizendo que o Parlamento tem de convergir nos objetivos do plano "Impulso Jovem" porque este, acrescentou, «não é o tempo do bota abaixo só porque sim».