Economia

CDS critica António Borges, PCP pergunta «porque não o demitem»

António Borges dr

O CDS-PP considerou hoje que António Borges não tem razão nem legitimidade para defender uma redução de salários em Portugal, o que levou o PCP a perguntar à maioria porque não o demite de conselheiro do Governo.

Numa declaração política em plenário, a deputada do PCP Paula Santos sustentou que «a manutenção de António Borges como consultor do Governo» indicia um apoio à sua defesa de uma redução dos salários em Portugal.

A deputada do BE Mariana Aiveca subscreveu a posição assumida pelo PCP e chamou a António Borges «homem sombra do Governo».

«Nós não concordamos com essas declarações. Quem as proferiu não só não tem razão, como não tem legitimidade», respondeu o deputado do CDS-PP João Almeida.

«Se não concordam, se atribuem tais responsabilidades a António Borges, porque não o demitem?», perguntou em seguida Paula Santos.

Antes, o deputado do PSD Arménio Santos referiu-se a António Borges como «um quadro superior» que fez declarações semelhantes às do antigo ministro da Economia do Governo do PS Manuel Pinho numa viagem à China que, «felizmente, não passaram à prática».

Arménio Santos reiterou que os sociais-democratas e o Governo PSD/CDS-PP não querem relançar a economia através da redução de salários.

Ex-vice-presidente do PSD, o economista António Borges é consultor do Governo para as privatizações, para a renegociação das parcerias público-privadas, para a reestruturação do setor empresarial e para a situação da banca.

Na sua intervenção inicial, Paula Santos referiu-se a António Borges como «o homem da Goldman Sachs, entidade responsável pelo desastre económico em muitos países» e que «enquanto funcionário do Fundo Monetário Internacional auferiu 225 mil euros livres de impostos».

Quanto à redução salarial em Portugal defendida pelo consultor do Governo, observou: «Provavelmente estava a referir-se ao salário médio, que ronda os 700 euros, ou talvez ao salário mínimo nacional, no valor de 485 euros, auferido por mais de 400 mil trabalhadores».

Segundo a deputada do PCP, nem o primeiro-ministro nem o ministro das Finanças se demarcaram totalmente das declarações de António Borges. Passos Coelho até «recomendou a toda a sociedade portuguesa que houvesse contenção salarial» e Vítor Gaspar apontou a redução de salários como «uma consequência indesejável, mas inevitável», apontou.

Paula Santos sustentou que «a política de redução de salários» há muito que está a ser aplicada, através dos congelamentos e cortes aplicados pelos governos do PS, PSD e CDS-PP, que apelidou de «troika nacional».

Mariana Aiveca, do BE, concordou que «o Governo subscreve as opções» de António Borges, «um tal senhor que manda no Governo» e que «tem o descaramento» de propor uma baixa de salários. «Ele, que tem um salário astronómico, a quem o Governo nada faz, porque tem mão leve para estes senhores», acusou.

Tanto o PCP como o BE reiteraram que a solução para esta e outras matérias passa por «romper» com o programa de assistência financeira acordado entre Portugal e o Fundo Monetário Internacional, a Comissão Europeia e o Banco Central Europeu.