Ex-responsáveis da extinta Brigada de Trânsito (BT) criticaram hoje a proposta do Governo de transferir competências e fiscalização da Guarda Nacional Republicana (GNR) para a Polícia de Segurança Pública (PSP).
«Do que sabemos sobre a proposta que está em cima da mesa, estas alterações não fazem sentido», disse hoje à Lusa o antigo comandante da BT a nível nacional, o coronel Lourenço da Silva.
Em causa está a passagem para a PSP do controlo do trânsito a nível nacional e da segurança do Palácio de Belém e do Parlamento, noticiada pelo Diário de Notícias.
O antigo responsável, agora na reforma, acredita que «o ministro irá cumprir o que foi prometido sobre a reativação da BT», mas sublinhou que se esta ideia for avante «vêm aí tempos muito amargos para o ministro [da Administração Interna, Manuel Macedo]».
Na fiscalização rodoviária, explicou, «é preciso garantir uma unidade de comando nacional», acrescentando que, após 40 anos de serviço prestado na GNR, não consegue vislumbrar quaisquer benefícios nesta reorganização.
Durante o 42º aniversário da criação da BT que reuniu hoje em Fátima os militares no ativo, na reserva ou na reforma, o antigo segundo comandante daquela unidade, o coronel Gomes Maia, disse à Lusa que esta proposta «é uma má surpresa».
Afinal, frisou, «a reativar-se a BT, só faz sentido que a unidade possua uma estratégia de fiscalização e um conceito operacional nacional».
Gomes Maia garantiu que só assim se acautela «a prevenção e a segurança rodoviária», algo que não é possível, acrescentou, «com o atual modelo regional, que está esgotado».
O antigo responsável da BT frisou que «este é um sentimento que está generalizado, não só no seio da GNR, mas entre as pessoas que estão ligadas à prevenção e segurança rodoviária e que reconheceram ter sido um erro a extinção da BT».
Já o antigo comandante do destacamento de Lisboa e do Grupo Regional de Trânsito de Lisboa, França de Sousa, reforçou a ideia de que a reativação da BT só faz sentido se forem recuperadas todas as competências anteriormente detidas pela GNR.
«Evidentemente que quando a unidade foi extinta o policiamento das principais estradas da Área Metropolitana de Lisboa passaram para a GNR, como foi o caso da marginal, da estrada Lisboa-Sintra e Sacavém-Vila Franca de Xira», lembrou.
Contudo, sustentou o tenente-coronel, com o regresso da BT, «o território nacional, mesmo com regiões demarcadas, deve passar para a responsabilidade da GNR».