A coligação de centro-esquerda, no poder na Roménia, desencadeou hoje um processo para destituir o Presidente Traian Basescu, no último desenvolvimento do conflito entre o chefe de Estado e o primeiro-ministro.
Eugen Nicolaescu, um deputado do Partido Democrático-Liberal, agora na oposição, disse que o executivo vai apresentar hoje no parlamento um documento de 17 páginas com procedimentos contra o Presidente e que podem implicar a sua destituição.
Nicolaescu não especificou os motivos em que assenta o pedido de instituição, mas a coligação acusa o Presidente, posicionado no centro-direita, de abuso de poder e envolvimento abusivo nas instituições do país, referiu a agência noticiosa AP.
O leu, a moeda nacional da Roménia, registou uma abrupta queda para 4,4715 face ao euro, após as notícias sobre os planos de destituição do Presidente.
O ministro dos Assuntos Parlamentares, Mircea Dusa, anunciou que o governo aprovou também um decreto destinado a limitar os poderes do Tribunal Constitucional. O documento prevê que o Tribunal deixe de ter autoridade para deliberar sobre a legitimidade das leis aprovadas pelo parlamento.
O novo líder da Câmara dos deputados, Valeriu Zgonea, dirigente da União Social Liberal, (USL, a coligação que apoia a maioria) precisou por sua vez que foi requerida para quinta e sexta-feira uma sessão extraordinária do parlamento destinada a examinar o pedido de destituição de Basescu.
Na terça-feira, os deputados tinham já afastado os presidentes das duas câmaras do parlamento, substituídos por políticos próximos do primeiro-ministro Victor Ponta, líder do Partido Social-Democrata.
Em 7 de maio, Ponta foi designado primeiro-ministro de um governo de centro-esquerda na sequência de um forte movimento de contestação social contra as medidas de austeridade e a recessão económica, e iniciou deste então uma luta sem tréguas pelo controlo total do poder com o chefe de Estado.