Os EUA estão a caminho de um «precipício orçamental» que poderá ter consequências significativas para a economia mundial, alertou hoje o Fundo Monetário Internacional (FMI).
O problema, explica o FMI no "Fiscal Monitor" (publicação sobre políticas orçamentais) do Fundo, não é que os EUA tenham um défice demasiado alto - é que podem cortá-lo demais.
«Há um risco nos Estados Unidos de um bloqueio político que deixe a política orçamental em piloto automático, resultando numa redução súbita e abrupta nos défices - um 'precipício fiscal'», lê-se no documento do FMI.
O «precipício», ou "Taxmaggedon", como é conhecido nos EUA, resulta da confluência para 2013 de duas tendências: vai expirar uma série de cortes aos impostos decretados durante a presidência de George W. Bush, ao mesmo tempo que entram em vigor uma série de cortes draconianos à despesa determinados no ano passado.
Se não houver decisões políticas em contrário, este fenómeno resultará num aumento das receitas fiscais acompanhado de uma redução nos gastos públicos com efeitos equivalentes a «mais de quatro por cento do PIB», segundo as contas do FMI.
A situação tornou-se num impasse porque o presidente Barack Obama e a oposição republicana no Congresso discordam quanto ao prolongamento dos cortes fiscais e quanto à escala dos cortes nas despesas.
O Fundo considera que a concretização do "Taxmaggedon" levaria a uma estagnação da economia norte-americana no próximo ano.
O FMI sugere «uma consolidação mais modesta em 2013, na ordem de um por cento do PIB em termos estruturais».