Não são os problemas cognitivos de Pedro Isidro que o vão impedir de tentar alcançar um bom resultado nos Jogos Olímpicos de Londres 2012. A prova dos 50 quilómetros marcha está marcada para este sábado e é a prova mais longa do programa olímpico.
A estreia de Pedro Isidro nos jogos olímpicos faz-se em duas frentes: pela primeira vez conseguiu os mínimos para umas olimpíadas e, ao mesmo tempo, torna-se o primeiro português portador de deficiência cognitiva a competir em jogos olímpicos.
A falta de concentração e de memória são algumas das heranças cognitivas deste marchador de 27 anos que vê agora recompensado o esforço ao se tornar um atleta olímpico.
Natural da Azambuja, serralheiro de alumínios de profissão e atleta do Sport Lisboa e Benfica, Pedro Isidro iniciou-se na marcha em 2003 mas só cinco anos mais tarde é que surgiram os resultados internacionais, quando apostou nos 50 quilómetros marcha. Antes marchou os 20 quilómetros na Taça do Mundo em Cheboksari, na Rússia, e depois no mesmo certame, no México, tendo acabado essa prova em 29º lugar, com 1h27m55s.
Nos campeonatos nacionais disputados na Batalha, em fevereiro passado, Pedro Isidro terminou na segunda posição com um tempo de 4h10m45s.
Este ano marcou nova presença na Taça do Mundo, novamente na Rússia, tendo terminado os 50 quilómetros marcha na 27ª posição com 3h58m00s, um recorde pessoal e que lhe permite ser o nono português de todos os tempos nesta modalidade. Ainda assim, esta marca não lhe deu acesso direto às olimpíadas de Londres 2012.
O mínimo A federativo para ir a Londres já tinha sido alcançado pelo marchador João Vieira, pelo que Pedro Isidro ficava de fora. Ainda assim, a Federação Internacional de Atletismo reconsiderou e, avaliando os mínimos menos exigentes, autoriza Pedro Isidro a carimbar o passaporte para Londres 2012, realçando também o «estado de forma evidenciado pelo atleta».
A ANDDI (Associação Nacional de Desporto para a Deficiência Intelectual) refere, em comunicado, que «Pedro Isidro consegue o enorme feito de ser o primeiro atleta com deficiência intelectual, a nível mundial, a qualificar-se para uns Jogos Olímpicos, tratando-se de um feito a todos os níveis assinalável e uma enorme conquista de integração».