O coordenador do Bloco de Esquerda, Francisco Louçã, aconselhou hoje o primeiro-ministro a ouvir os bloquistas, defendendo a necessidade de um governo de esquerda.
No discurso de encerramento do Fórum Socialismo 2012, a última rentrée política que fez como coordenador do Bloco de Esquerda, Francisco Louçã fez um discurso no qual criticou várias vezes a política seguida pelo Governo e deixou vários "recados" ao primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho.
«A pergunta que a esquerda tem que fazer para merecer ser esquerda é porque é que o povo não há de governar? (...) Esse governo de esquerda, que é a grande luta que temos que travar, criará muitos debates certamente, muita contraposição, muitas dúvidas. Mas uma coisa ele fará, perante toda a oposição social ele dirá que luta pela igualdade e pelo respeito», disse.
Francisco Louçã foi mais longe: «Sim senhor, nacionalizará a EDP e as redes energéticas nacionais por mais que isso incomode o Partido Comunista chinês; nacionalizará serviços financeiros por mais que isso incomode a família presidencial angolana, trará os hospitais públicos para o Serviço Nacional de Saúde por mais que isso incomode os Mellos e os Espíritos Santos».
O coordenador do Bloco de Esquerda recordou ainda que hoje, no discurso de encerramento da Universidade de Verão do PSD, Passos Coelho aconselhou os pessimistas a, daqui para a frente, pensarem duas vezes.
«Pois eu aconselho o primeiro-ministro a ouvir-nos porque aqui está o partido mais realista da esquerda, mais terra-a-terra, mais empenhado nos seus valores, a esquerda fiel à sua origem, fiel à luta pelo socialismo, pelo respeito e pela igualdade», disse.
Numa outra referência ao discurso de Passos Coelho, Louçã recordou que este disse que uma das provas dos sacrifícios atuais «é que temos menos tempo para os amigos» e, não querendo fazer nenhum comentário sobre a vida pessoal, deixou um recado ao primeiro-ministro: «Nós sabemos bem onde têm estado os seus amigos políticos».
«Nós sabemos onde têm estado os amigos económicos do Governo. Sabemos que esta gente merece uma homenagem. São homens que têm salários que são exceção à lei ou que têm o favorecimento da exceção mas que acham que para Portugal a única solução é baixar os salários, têm dois empregos mas acham que a única solução para Portugal é o desemprego para os outros e esta grande diferença nós não a toleramos», condenou.