O PS defendeu, esta quarta-feira, que «não fica bem ao ministro Miguel Relvas enviar recados do estrangeiro ao parceiro de coligação».
Em reação às declarações do ministro Adjunto e dos Assuntos Parlamentares, que, em viagem oficial ao Brasil, disse hoje que «Portugal não precisa, não pode, não deve ter qualquer tipo de crise [política]» e que é preciso que todos rumem para o mesmo lado, o membro do Secretariado Nacional do Partido Socialista (PS) António Galamba veio hoje apontar os "recados" para o parceiro de coligação do PSD no Governo, desviando-os dos socialistas.
«Certamente que será um recado para o parceiro de coligação, o CDS, sobre essa matéria. Não fica bem ao ministro Miguel Relvas no estrangeiro emviar recados públicos que têm como destinatário o CDS», adianta.
O dirigente socialista disse que Relvas está «ausente da realidade do país» e que, ao enviar «recados certamente dirigidos ao parceiro de Governo», Relvas assume uma posição que "mina» a coligação.
Para Galamba, o PS não pode ser apontado como destinatário ou co-destinatário dos "recados" de Miguel Relvas, uma vez que "tudo fez para dar um contributo positivo para que houvesse todas as condições para o Governo cumprir com as metas a que estava obrigado".
"O Governo é que falhou, e, ao falhar, reincidiu na única opção que tem em cima da mesa, que é austeridade sobre austeridade, sendo totalmente insensível aos sacrifícios que os portugueses estão a passar e aos impactos negativos que isso tem", sustentou o socialista, acrescentando que "apesar de um Governo ter maioria absoluta, não tem o direito de colocar os portugueses a pão e água com sucessivas medidas de austeridade".
Questionado sobre se o PS poderia entender as declarações do ministro Miguel Relvas como um apelo social-democrata a uma convergência de posições para o próximo Orçamento do Estado, Galamba referiu simplesmente que há um ano que o secretário-geral socialista avisa o Governo que o caminho seguido é o caminho errado e que o Governo se tem limitado a ignorar esses avisos.