Vida

Eurodeputadas do BE e PCP participam em manifestação em Bruxelas

A ação de protesto contra a austeridade convocada para hoje em Bruxelas reuniu algumas dezenas de manifestantes diante da representação permanente de Portugal junto da União Europeia, entre os quais as eurodeputadas Marisa Matias (BE) e Inês Zuber (PCP).

Com cartazes onde se podia ler "Povo para a rua! Governo para a rua!" e "Contra os ladrões marchar, marchar", as cerca de meia centena de manifestantes concentraram-se à hora marcada (17:00 locais, 16:00 de Lisboa), no quarteirão das sedes das instituições europeias, em frente ao edifício da representação diplomática portuguesa junto da União Europeia (encerrada por ser sábado), e, apesar do ambiente pacífico, a manifestação mereceu um forte dispositivo policial.

Marisa Matias explicou que «gostava de poder estar em Portugal também» para participar nas manifestações, mas, «estando em Bruxelas, obviamente era aqui que tinha que estar», para «mostrar resistência em relação a estas políticas de austeridade, e solidariedade», pois «todos os limites já foram ultrapassados e já é uma questão de as pessoas lutarem pela sua dignidade».

Falando bem perto do Berlaymont, o "quartel-general" da Comissão, a eurodeputada do Bloco de Esquerda disse que é preciso não esquecer que "Durão Barroso é um dos chefes da 'troika' em Portugal" e, apesar de as pessoas tenderem a «apontar mais o dedo a quem é chefe de missão da 'troika' em nome da Comissão, quem lá está executa ordens, essas ordens vêm da Comissão, e o presidente é Durão Barroso».

Por seu lado, a eurodeputada Inês Zuber disse que o propósito da sua presença, em representação do PCP, foi «mostrar solidariedade com todos aqueles que estão de alguma forma, e com razão e justeza, revoltados com as medidas que o governo PSD e CDS-PP têm vindo a implementar, e que tiveram agora o ataque mais forte, com as medidas apresentadas na semana passada em relação ao contributo que os trabalhadores vão ter de pagar mais à segurança social».

O evento em Bruxelas foi uma iniciativa de um jovem emigrante, Miguel Cipriano, de 23 anos, que, «como muita gente e muitos jovens em Portugal, tinha muito poucas oportunidades de trabalho em Portugal» e saiu, há cerca de cinco meses, «à procura de trabalho», estando já a trabalhar na área do cinema, como montador de filmes.

Como os voos para Portugal «estavam muito caros», decidiu, apenas na véspera, convocar o evento através da rede social "Facebook".

O apelo para a manifestação "Que se lixe a troika! Queremos as nossas vidas!" surgiu na Internet, através das redes sociais, e foi inicialmente organizada por algumas pessoas de Lisboa, mas acabou por ser acolhida em várias regiões de Portugal, assim como em Fortaleza (Brasil), Berlim, Barcelona, Bruxelas, Paris e Londres.

Criada ainda no mês de agosto, a manifestação ganhou peso após as medidas de austeridade anunciadas na semana passada pelo primeiro-ministro, Passos Coelho.