As novas medidas de austeridade tiveram efeitos imediatos. Mediadores imobiliários dizem que a procura de casas caiu 50 por cento. No ramo automóvel muitos negócios foram cancelados.
Os mediadores imobiliários falam numa semana "negra" devido ao anúncio das novas medidas de austeridade. O número de pessoas à procura de casa caiu para metade num cenário motivado, sobretudo, segundo os especialistas, pelo aumento da taxa paga pelos trabalhadores à Segurança Social.
O presidente da Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal (APEMIP) explica que o mercado já estava mau, mas de repente ficou ainda pior. Luís Lima revela que não se lembra de uma semana tão "negra". O responsável explica que sentiu isso na sua empresa e mandou fazer um inquérito a uma amostra que representa o imobiliário a nível nacional e que confirmou o que pensava: «a nível de interessados tivemos uma quebra de 50 por cento».
A associação de mediadores não tem dúvidas e relaciona esta descida com as medidas de austeridade e em especial com o anúncio de que se vai aumentar a taxa paga pelos trabalhadores à Segurança Social. Ninguém sabe bem quanto vai passar a receber no final do mês e muitos clientes dizem que é preciso esperar.
Em alguns casos os negócios já estavam definidos, à espera da assinatura do contrato, mas à última hora os clientes desistiram de comprar casa.
Para além do mercado da habitação, também a venda de carros diminuiu ainda mais depois da comunicação do primeiro-ministro que aconteceu há pouco mais de uma semana.
A Associação do Comércio Automóvel de Portugal também revela que houve negócios cancelados sobretudo depois de se ter anunciado uma taxa mais alta para os veículos de alta cilindrada.
O secretário-geral da associação, Hélder Pedro, lamenta que não se tenha explicado exactamente que carros serão afectados. Em consequência, «logo nesse dia existiram clientes com negócios para fechar que recuaram e disseram às empresas que tinham de esperar até que existisse um esclarecimento» desse aumento de impostos.
A Associação do Comércio Automóvel de Portugal critica o governo e lamenta que se anunciem medidas que apesar de ainda não estarem bem definidas só criam instabilidade e prejudicam o negócio.
Do lado da venda de móveis, Vítor Poças, presidente da Associação das Indústrias da Madeira e Mobiliário de Portugal, a dmite que este mercado não está a ser tão afectado pelas medidas de austeridade porque vive muito da exportação. Mesmo assim admite que há lojas destinadas às classes média e média baixa que na última semana registaram quebras de 20 a 30 por cento.