Portugal

Milhares de pessoas voltaram às ruas em várias cidades do país

Vigília em frente ao Palácio de Belém GI

Vários milhares de pessoas voltaram às ruas em várias cidades do país para protestar contra as medidas de austeridade enquanto os conselheiros de Estado estão reunidos no Palácio de Belém.

É junto ao palácio presidencial que um maior número de pessoas está concentrada e, sob o olhar atento dos polícias, milhares gritam palavras de ordem e mostram o descontentamento com vários cartazes contra as políticas de austeridade.

A vigília foi convocada nas redes sociais e decorre durante a reunião do Conselho de Estado, onde cerca de uma hora esteve presente o ministro das Finanças, Vítor Gaspar, que já abandonou o palácio presidencial, apesar do encontro ainda não ter terminado.

As palavras de ordem dos manifestantes são ouvidas dentro do Palácio de Belém, mas desconhece-se se o barulho chega à sala onde os 19 conselheiros estão reunidos.

A vigília tem decorrido de uma forma pacífica, excetuando quando foram derrubadas algumas grades e lançados alguns petardos, altura que em a presença polícia foi reforçada.

Várias dezenas de elementos da PSP, incluindo o Corpo de Intervenção (CI), estão no local e vários manifestantes já gritaram para os polícias se juntarem ao protesto.

Outro dos momentos de agitação foi quando os conselheiros de Estado chegaram a Belém, que foram recebidos por apupos dos manifestantes.

Cavaco, escuta, o povo está em luta" , "o povo unido jamais será vencido", "FMI fora daqui" ou gatunos, gatunos" são algumas das palavras de ordem gritadas pelos manifestantes, que também exibem cartazes. Entre as frases pode ler-se "Contra o roubo do trabalho e do salários", "Derrotar o Governo antes que destrua o país" e "tenham vergonha escutem o povo".

Tal como previsto pelos promotores da concentração de hoje, perto das 18 horas foi cantada, junto ao palácio presidencial de Belém, a canção "Acordai", de José Gomes Ferreira e Fernando Lopes-Graça, uma das músicas cantadas pelos presos políticos antes do 25 de abril.

Na manifestação destaca-se a presença de um grupo de fuzileiros, alguns deles fardados, que decidiu juntar-se ao protesto.

Em comunicado, a Marinha já informou que está a proceder a «averiguações internas» para identificar eventuais casos de «uso indevido» de uniformes e símbolos militares, apesar de desconhecer se os militares estão no ativo.

A vereadora da Câmara Municipal de Lisboa Helena Roseta e os deputados do PCP Miguel Tiago e do Bloco de Esquerda Catarina Martins também estiveram presentes na vigília.

O deputado comunista Miguel Tiago defendeu que Cavaco Silva devia demitir o Governo e acusa-o de «estar comprometido com outros interesses que não os do povo».

Também a deputada bloquista Catarina Martins considerou que a manifestação em Belém «mostra a democracia a funcionar» e sublinhou que Cavaco Silva deve ouvir o povo, que pretende a demissão de um Governo «sem capacidade, legitimidade e autoridade».