O relator especial da ONU para a tortura afirmou hoje que a tortura de manifestantes e de suspeitos de terrorismo em Marrocos «é muito frequente» e lamentou o aumento da repressão dos protestos.
«Em situações normais (de detidos investigadas pela equipa), a tortura e o tratamento cruel ou desumano é muito frequente. Se é sistemático, é difícil dizer com base no número de amostras que temos», disse Juan Mendez à imprensa no final de uma visita de uma semana a prisões e esquadras de polícia em Marrocos.
Esse tipo de tratamento - precisou - inclui espancamentos, choques elétricos, abusos sexuais e queimaduras com cigarros, segundo «relatórios credíveis» e testemunhos recolhidos.
Mendez disse também que a tortura parece ser «muito mais cruel e sistemática» nos casos de detidos suspeitos de atentado à segurança nacional.
O perito da ONU alertou também para «um pico» na utilização de força policial excessiva para dispersar manifestações, frequentes em Marrocos desde o início da chamada primavera árabe, em 2011.
Mendez, que esteve pela primeira vez em Marrocos como relator especial da ONU, considerou no entanto que está a surgir no país uma cultura de direitos humanos e elogiou as autoridades em relação a alguns passos, nomeadamente a criação do Conselho Nacional de Direitos Humanos em 2010.