O secretário-geral do PCP defendeu que o convite feito pelo BE à apresentação de uma moção de censura por todas as forças da oposição ficou comprometido com a posição «previsível» do PS.
«O PS esteve dez dias na oposição. Anunciou uma moção de censura que nunca iria apresentar e voltou ao princípio da austeridade inteligente», acusou, numa referência ao facto de o líder socialista admitir recuar caso o Governo deixe cair o aumento da Taxa Social Única (TSU) para os trabalhadores.
Questionado sobre uma eventual coligação de esquerda, o líder comunista sublinhou que não há «saída patriótica e de esquerda» sem «rasgar» o memorando de entendimento, mas diz que o PCP «está pronto e capaz de assumir todas as responsabilidades que o povo lhe quiser atribuir».
«Em relação a esse convite ou essa proposta, os pressupostos que ela continha e que foram anunciados deixaram de ter âmbito e objeto na medida em que o PS fez o que era previsível», afirmou Jerónimo de Sousa aos jornalistas, após a reunião do Comité Central do PCP.
Para Jerónimo de Sousa, «o PS, com a posição que tomou relativamente a esse convite voltou a integrar-se na corresponsabilização desta política de direita».
«A questão de fundo é esta: o PS poderia subscrever uma moção de censura a uma política que emana desse instrumento de agressão que é o chamado memorando da 'troika', quando ele é um dos subscritores», questionou.
O PCP insiste que «a censura mais forte, com consequências mais fortes é a que se manifesta, indigna e luta» e nesse âmbito que «melhor se pode expressar a convergência, como acontecerá, com certeza, no dia 29, no Terreiro do Paço».
O secretário-geral comunista recordou que o PCP apresentou uma moção de censura há três meses, mas avançou que caso se concretize alguma moção, «com certeza haverá convergência de voto».
«Não há uma saída patriótica e de esquerda sem rasgar este pacto de agressão que determina as políticas que estão sendo realizadas. Com esta exigência de rutura é possível a mudança e naturalmente é preciso um Governo que a queira executar», argumentou, quando questionado sobre uma eventual coligação de esquerda.
Para o secretário-geral do PCP, há uma «alternativa» que está ainda em «processo de construção», que será alicerçado no «desenvolvimento impetuoso da luta de massas que se está a verificar, a luta dos trabalhadores, em primeiro lugar, mas de todos os setores e camadas antimonopolistas, num espetro muito mais largo do que há um ano atrás».
Antes do período de resposta aos jornalistas, Jerónimo de Sousa já tinha enunciado, a partir do documento que saiu do Comité Central, que «a dimensão e a violência da ofensiva que está em curso tem despertado uma combativa e poderosa resposta dos trabalhadores e das massas populares», referindo a «significativa expressão nas mobilizações por todo o país no dia 15 de setembro».