A Federação das Indústrias Portuguesas Agro-Alimentares e a Associação Comercial de Lisboa alertam que a greve nos portos nacionais está a pôr em perigo o abastecimento interno e as exportações.
Jorge Henriques, presidente da Federação das Indústrias Portuguesas Agro-Alimentares (FIPA), diz que existem muitos setores da indústria agro-alimentar onde toda a matéria-prima é abastecida exclusivamente por via marítima.
Por exemplo, a interrupção da chegada de cereais aos portos portugueses coloca em dificuldades a indústria da panificação e a produção de rações.
«Estão a colocar em perigo, por um lado, a eficiência e a competitividade das indústrias e, por outro lado, (...) isto pode colocar em rutura, a curto prazo, algum do abastecimento alimentar», alerta Jorge Henriques.
O presidente da FIPA estima ainda gastos extras de dez milhões de euros em custos logísticos mensais.nas exportações portuguesas.
«Estamos confrontados com situações absolutamente gravosas de mercadorias já preparadas e colocadas nos diferentes postos do país e que não podem embarcar», diz Jorge Henriques.
Também o presidente da Associação Comercial de Lisboa (ACL) traça um cenário negro face aos efeitos da greve.
«Esatamos a sentir que a maioria dos barcos deixaram de escalar Lisboa, não conseguimos fazer nem importações nem exportações, a confiança dos armadores está a diminuir, a confiança dos nossos exportadores está a ficar posta em causa, não estamos a conseguir cumprir com os prazos a que nos comprometemos», alerta Bruno Bobone.
Quanto aos setores mais afetados ao nível das importações, o presidente da ACL fala na indústria ligada aos cereais. Quanto às exportações, são as produtoras de bebidas que apresentam mais queixas.