O secretário-geral do PCP acusou hoje o PS de estar empenhado em «fazer viver este Governo até 2015» e do «mais básico populismo» por querer diminuir o número de deputados.
«Comprometido com o pacto de agressão [o acordo da ajuda externa], empenhado em fazer viver este Governo até 2015, o PS procura capitalizar algum descontentamento e opta por fazer coro com o mais básico populismo, a redução do número de deputados, cedendo à demagogia política do antiparlamento, do antipartidos e do antipolíticos e desviando as atenções da política brutal que está em curso», afirmou o líder dos comunistas portugueses.
Jerónimo de Sousa falava na abertura das Jornadas Parlamentares do PCP, que decorrem em Beja até terça-feira.
Para o secretário-geral do PCP, o PS procura desta forma «demagogicamente beber nas ideias de que os políticos e os partidos são todos iguais e ao mesmo tempo conseguir um velho objetivo: garantir para o PS e o PSD um sistema eleitoral blindado que lhes permita ter sempre o poder absoluto e eliminar ou reduzir a ínfima representação quem se lhes opõe, como o PCP».
«Assim não haveria incómodas moções de censura», acrescentou, considerando que «não há deputados a mais na Assembleia da República, o que há é deputados a mais favoráveis à política de direita», disse.
Numa intervenção em que concluiu que após um ano e meio de governação PSD/CDS e de aplicação do programa de ajustamento acordado com os credores internacionais o país vive problemas que assumem «dimensão trágica», Jerónimo de Sousa defendeu «uma verdadeira alternativa e não falsas soluções que não rejeitem o pacto de agressão e nem o rumo de 36 anos de política de direita».
«Uma política sem essa dupla rejeição apenas ilusoriamente será alternativa, pode maquilhar os problemas, encontrar esta ou aquela diferença, mas acabará por manter o essencial e ser uma política de continuidade", afirmou, sublinhando que "essa é a posição do PS que, escudado no discurso do partido responsável, não só não põe em causa a brutal ofensiva que está em curso como com o seu voto de abstenção incentiva e favorece o seu prosseguimento».
Para o líder do PCP, a alternativa passa, além do rompimento com a 'troika' da ajuda externa, pela imediata renegociação da dívida e «uma política que se propõe pôr Portugal a produzir substituindo importações por produção nacional».
No caso do Alentejo, exemplificou, isso passa pelo apoio à agricultura, concretizando uma reforma agrária que liquide a propriedade fundiária" e ponha fim «à cultura do subsídio sem correspondência com a produção». Tudo isto é, defendeu, «condição para combater do desemprego, a desertificação e o despovoamento».
A «maioria dos portugueses considera necessária outra política», tendo o PCP «a obrigação» de mostrar que não só é necessária como «possível essa alternativa».
O líder parlamentar dos comunistas, Bernardino Soares, prometeu confirmar nestas jornadas que o PCP, tal como os portugueses, «não se resigna» e mostrar que «é possível outra política».
Bernardino Soares destacou ainda que as jornadas se realizam num distrito «fortemente flagelado pela política de direita, sujeita à desertificação» e ao «empobrecimento» e que, caso avançasse a proposta do PS, perderia os três parlamentares que o representam na Assembleia da República.