O presidente da Conforlimpa, Armando Cardoso, suspeito de fraude fiscal, ficou em prisão preventiva depois do primeiro interrogatório judicial, disse fonte do DIAP à agência Lusa.
Após o primeiro interrogatório judicial, realizado hoje no DIAP de Lisboa, no Campus da Justiça, o juiz de instrução criminal decretou a prisão preventiva de Armando Cardoso, a medida de coação mais gravosa.
O empresário é acusado de ter lesado o Estado em mais de 40 milhões de euros, através de um esquema fraudulento, recorrendo à criação de empresas fictícias destinadas à emissão de faturação falsa, para que a principal empresa do grupo contabilizasse o custo e deduzisse indevidamente o IVA.
«É a primeira vez que um arguido, acusado só do crime de fraude fiscal, fica em prisão preventiva, o que tem especial importância na conjuntura atual», salientou a mesma fonte do Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP).
Armando Cardoso foi detido quinta-feira por suspeitas da prática de um crime de fraude fiscal qualificada, na sequência da operação "Clean", desencadeada em várias zonas do país, levada a cabo pela Autoridade Tributária e Aduaneira, com a colaboração da Polícia Judiciária, no âmbito de inquérito da 3.ª secção do DIAP.
«Esta operação é o culminar de um excelente trabalho de equipa entre a Autoridade Tributária, a Polícia Judiciária e o Ministério Público do DIAP», destacou a mesma fonte.
Em comunicado enviado à agência Lusa, na noite de quinta-feira, o DIAP explicou que o detido criou, de forma reiterada, entre 2005 e o corrente ano, empresas fictícias destinadas à emissão de faturação falsa, para que a principal empresa do grupo contabilizasse o custo e deduzisse indevidamente o IVA.
As empresas fictícias tinham, como gerentes, pessoas sem relação com o setor, que nelas não trabalhavam, limitando-se a ceder o nome quando da constituição destas entidades.
Segundo o DIAP, as buscas realizadas nas empresas do grupo e na casa do empresário tinham por objectivo «apreender contratos de prestação de serviços, faturas, recibos e registos contabilísticos».
Entre as provas recolhidas constam os balancetes de 2012, os quais permitem, segundo o DIAP, concluir que, só nos dois primeiros meses deste ano, uma dessas empresas deduziu IVA no valor aproximado de 1,2 milhões de euros.
Com esta conduta, Armando Cardoso «prejudicou o Estado em mais de 40 milhões de euros», afirma o DIAP.
A nota termina dizendo que a intervenção desencadeada, assim como a situação processual e a responsabilidade individual do detido «não impedem ou inviabilizam» a Conforlimpa de prosseguir a sua atividade, «mantendo-se os seus corpos sociais em pleno funcionamento».
A Conforlimpa é um dos maiores grupos empresariais na área da limpeza, tendo sede na freguesia de Castanheira do Ribatejo, Vila Franca de Xira.
Tem como principais clientes o setor empresarial do Estado, hospitais, centros de saúde, tribunais e instalações policiais.
Notícia atualizada às 21h39