A questão da supervisão bancária, um dos temas quentes da noite em Bruxelas, já significou um recuo da Alemanha e um retrocesso nos discursos de vitória feitos em junho.
Os líderes europeus estão reunidos desde as 17h00 para discutir o futuro do euro. A supervisão bancária é um dos temas quentes da noite e que já significou um retrocesso nos discursos de vitória feitos no final da cimeira de 29 de Junho.
Na altura, a União Europeia (UE) anunciou o pleno funcionamento da figura de um supervisor bancário a 1 de janeiro de 2013. Mas, o peso da Alemanha já influenciou a decisão dos líderes europeus e, fontes europeias deixam transparecer que só em 2014 o Banco Central Europeu (BCE) poderá fiscalizar a banca europeia.
Para já de concreto e oficial há apenas a declaração de um dos principais porta-vozes da Comissão Europeia que, através da sua conta no twiter, anuncia que os 27 concordaram com a implementação gradual da supervisão bancária a partir de 2013.
Durante as reuniões preparatórias da cimeira europeia, e ao que tudo indica já mereceu a concordância dos lideres europeus, aquilo que a Alemanha defendeu foi que o supervisor bancário só esteja a funcionar, em pleno, em 2014. O que significa um recuo em relação ao que foi anunciado num discurso vitorioso na cimeira de junho.
Mas dificilmente poderia ser de outra forma se tivermos em conta duas questões tidas como essenciais nesta discussão.
A primeira, a agenda interna da Alemanha, nomeadamente a questão das eleições, que apesar de não estarem marcadas vão acontecer no próximo ano. Angela Merkel não vai querer levar um tema delicado ao Bundestag e colocar perante os deputados alemães um assunto que não é consensual.
E aqui há que ter em conta que em matéria de supervisão bancária, a Alemanha tem defendido que apenas os grandes bancos devem estar sujeitos à fiscalização do BCE.
Já a proposta que a comissão apresentou, em Bruxelas, envolve todos os bancos da UE e não apenas os bancos considerados sistémicos.
Isto coloca os líderes europeus sobre questões de resposta difícil. Por exemplo, como é que se vai sujeitar à supervisão de uma instituição criada no contexto da Zona Euro, como é o caso BCE, um banco de um país que não pertence à união monetária?. Como vão ser representados esses países no BCE?
Estas são questões que vão ter de encontrar resposta mas que são também entendidas como uma forma de criar ruído.
A segunda questão é o contexto em que a decisão foi anunciada na cimeira de junho e que prometia o pleno funcionamento da supervisão bancária a 1 de janeiro do próximo ano.
Mas este discurso de vitória, a que alguns dos chefes de Estado ou de Governo recorreram, foi feito num clima de grande instabilidade dos mercados, em que os líderes estavam confrontados com a necessidade de apresentar decisões, com a própria Alemanha a considerar imperativo a supervisão bancária.