O presidente do BPI, Fernando Ulrich, considera que seria «trágico» se o Tribunal Constitucional decidisse sobre o Orçamento, como decidiu sobre os cortes nos subsídios dos funcionários públicos.
«Na Itália existiu uma ditadura dos juízes e agora passaríamos a ter uma ditadura do Tribunal Constitucional», afirmou Fernando Ulrich, na apresentação dos resultados do BPI entre janeiro e setembro.
«Não sei como se gere a situação difícil do país desta maneira. Não sei e tenho admiração ilimitada por quem o faz», acrescentou o presidente do banco, que considerou o défice orçamental, a dívida pública e o desemprego como os principais problemas do país.
Ulrich reafirmou ainda que o ajustamento também está a ser feito pelo lado da despesa, por isso quem diz o contrário revela «ignorância», e acrescentou que não vê como se consegue chegar ao valor do défice de 4,5 % no próximo ano sem ser por via de medidas fiscais.
Na conferência de imprensa de apresentação de resultados, Ulrich dedicou um capítulo à situação da economia e das contas públicas nos últimos anos e por várias vezes voltou a criticar a decisão do Tribunal Constitucional em obrigar o Estado a repor parte dos subsídios aos pensionistas e funcionários públicos.
O banqueiro mostrou mesmo tabelas em como a despesa pública primária (sem juros) está a cair desde 2010, tendência que se deverá inverter em 2013 devido à reposição de subsídios.
«Haver um órgão político que não tem apelo pode criar uma rigidez muito grande na gestão da política económica em Portugal. Não temos muitas opções e se nos encarregamos de limitar essas opções torna-se mais difícil», considerou Ulrich.