O secretário-geral do Partido Socialista, António José Seguro, convocou a Comissão Política Nacional do partido para uma reunião na segunda-feira à noite para discutir a «situação económica, social e política do país», anunciou hoje o partido.
De acordo com o partido, a reunião decorrerá na noite de segunda-feira na sede nacional do partido, no Largo do Rato em Lisboa, estando também marcada para segunda-feira durante a tarde uma reunião do secretariado nacional do PS.
A reunião acontecerá depois de Seguro ter respondido, na sexta-feira, à carta formal do Governo que pedia a colaboração do maior partido da oposição naquilo que o primeiro-ministro chamou de «refundação» do memorando, uma reavaliação das despesas do Estado em funções sociais.
Em Vila Nova de Gaia, o líder socialista afirmou que «em nenhuma circunstância, o PS será muleta deste Governo, nem cúmplice da sua política de empobrecimento» e que essa mesma «política tem levado o país para uma situação de pré-rutura social».
«Nós avisámos, dissemos ao Governo que havia outro caminho, que a prioridade devia ser dada ao crescimento económico e ao emprego, conciliando-a com o rigor e com a disciplina orçamental. Mas o Governo sempre ignorou as propostas do PS», afirmou Seguro, questionando: «Porque é que agora, de um momento para o outro, o Governo se lembra do PS, diz que precisa muito do PS e quer que o PS colabore».
O dirigente socialista afirmou que «há mais de um ano» que o Governo está a executar a sua política de austeridade custe o custar, a qualquer preço, executou-a, enviou para Bruxelas o documento de estratégia orçamental nas costas do Parlamento e sem ouvir o PS, não falou quanto devia e como devia na Europa para defender os interesses portugueses.
O Governo «procedeu a cinco atualizações do memorando (de entendimento assinado com a 'troika') sem ter em conta as posições do PS e agora é que vem pedir ajuda ao PS?», questionou.
«Ainda esta semana fomos surpreendidos por um conselheiro de Estado e ex-presidente do PSD (Marques Mendes) a dizer que já estava tudo em marcha, que o FMI já cá estava, que já se sabia onde eram os cortes, nas funções institucionais do Estado, na educação, na saúde e na proteção social. Isto é sério? Em que país é que o primeiro-ministro julga que está viver?», perguntou Seguro.
Depois de prometer que o seu partido vai ser «intransigente» na defesa do Estado social e das suas funções, Seguro considerou que «quando o primeiro-ministro e a direita vêm falar de despesa dá a ideia de que é despesa má, mas não, estão a falar de deixar milhares de portugueses para trás».