Política

Seguro: Governo convidou PS para reforma do Estado de forma «inaceitável»

António José Seguro, secretário-geral do PS Direitos Reservados

António José Seguro, num texto no Facebook, sublinha que o PS quer uma profunda reforma do Estado, enquanto o primeiro-ministro quer «um álibi e um cúmplice» para cortar nas áreas sociais.

O secretário-geral do PS acusou hoje o primeiro-ministro de ter convidado os socialistas para a reforma do Estado «em termos tais» que já sabia que eram «inaceitáveis» para o maior partido da oposição.

«Desde o início da aplicação do memorando que há uma oposição do PS ao caminho da austeridade custe o que custar seguido pelo primeiro-ministro. Ora, o corte dos quatro mil milhões de euros é mais, muito mais, da mesma política de austeridade que o PS rejeita», escreveu António José Seguro, na sua página no Facebook.

«Acresce que foi divulgado que esse corte vai ser feito, na quase totalidade, no Serviço Nacional de Saúde, na educação pública e na segurança social pública. Não restam dúvidas de que o primeiro-ministro fez este convite em termos tais que sabia que o PS não poderia aceitar», acrescenta Seguro, no mesmo texto, em que sublinha que desde o início deste processo o PS disse estar «contra o desmantelamento do Estado Social».

O líder do PS lembra que todo este debate começou com o primeiro-ministro a falar em «refundação do memorando» de entendimento assinado com os credores internacionais, mas que depois «recua e abandona a expressão», passando a referir-se à «necessidade de cortar quatro mil milhões de euros na despesa do Estado».

Seguro reitera que o corte dos quatro mil milhões de euros na despesa pública agora anunciada foi negociada entre Governo e troika, não aceitando o PS ser «cúmplice» de uma decisão sobre a qual não foi «ouvido nem achado».

«O primeiro-ministro apenas quer sair da camisa de onze varas onde se meteu, cortar quatro mil milhões de euros no SNS, escola pública e segurança social pública e, para iludir os portugueses, chama-lhe agora reforma do Estado, depois de lhe ter chamado refundação do memorando», lê-se na mesma mensagem, onde Seguro considera que o Governo «pretende arranjar um álibi e um cúmplice» para reduzir os gastos nas áreas sociais.

Ao longo do texto, Seguro sublinha que o PS quer uma «verdadeira», «profunda» e «valente reforma do Estado», «a começar pela área da justiça», lembrando, entre outras coisas, que o partido apresentou esta semana na Assembleia da República uma «proposta de metodologia para a reforma do Estado», aguardando a decisão da maioria PSD/CDS.