O único português a viver no círculo eleitoral de Angela Merkel, o autor de uma biografia sobre a chanceler e uma eurodeputada dizem que Merkel defende os interesses dos alemães.
Apesar das críticas que se ouvem na Europa do Sul, Angela Merkel continua a receber o apoio de grande parte dos alemães. Ao contrário de Passos Coelho em Portugal, as suas taxas de aprovação continuam em alta na Alemanha. A TSF tentou perceber o que leva os alemães a gostarem da sua chanceler.
Alfredo Stoffel é o único português que vive no circulo eleitoral de Stralsund - Nordvorpommern - Rügen, no Norte da Alemanha, onde Merkel é eleita para o parlamento há mais de 20 anos.
O também conselheiro do Conselho das Comunidades Portuguesas na Alemanha não apoia a chanceler, mas reconhece-lhe qualidades. Por exemplo, é «muito determinada, competente, sabe o que quer e tenta tirar o melhor possível para a Alemanha e é para isso que foi eleita».
Opinião semelhante tem Gerd Langguth. Este cientista político alemão e autor de uma biografia sobre Angela Merkel sublinha que a chanceler é doutorada em Física e isso dá-lhe uma base diferente do que se fosse, por exemplo, uma historiadora ou uma advogada: «Pensa de forma muito mais racional».
O biógrafo sublinha ainda que por ser mulher, Merkel tem um estilo diferente dos homens o que ajuda a aumentar os seus níveis de popularidade.
Também Elisa Ferreira, que falou muitas vezes com Merkel quando ambas eram ministras do ambiente, destaca a importância da formação académica da política alemã.
A eurodeputada do PS recorda uma mulher «austera», «muito racional», «convicta daquilo que defendia», «sem jogo de cintura ou capacidades negociais mas séria e muito determinada em defender aquilo em que acreditava mesmo que tivesse de sofrer danos por isso».
Além disso, acrescenta Gerd Langguth, Merkel é uma pessoa «pragmática, que resolve problemas e não pensa em termos ideológicos». Depois, contínua o autor da biografia sobre a chanceler, «as pessoas gostam dela porque é muito empenhada, trabalha desde muito cedo na manhã até muito tarde à noite e os alemães gostam de políticos decididos».
Alfredo Stoffel diz que os portugueses que detestam Angela Merkel estão a atacar o inimigo errado pois acredita que a culpa do estado a que chegou Portugal deve-se a quem governa o país e não à chanceler da Alemanha.
Há muitos anos que os níveis de popularidade da chanceler não estavam tão altos. Stoffel e Langguth dizem que a razão é simples: Merkel faz, no fundo, aquilo que muitos alemães pretendem.