No dia em que o Metro do Porto faz dez anos, o secretário de Estado dos Transportes diz que o projeto foi um sucesso mas as dívidas acumuladas e o modelo financeiro atual impedem expansão.
No ano passado, a empresa fechou contas com um resultado negativo de 397 milhões de euros. Um apuro que o conselho de administração na altura em funções considerou francamente negativo e que justificou com o desajustado modelo de financiamento do projeto.
Em abril do ano passado, a empresa tinha dívidas acumuladas ao longo dos anos de 2.450 milhões de euros. A meio deste ano, no fim de julho, a unidade técnica de apoio orçamental dizia que a Metro do Porto já registava um défice superior ao que tinha sido previsto para o ano inteiro.
Em entrevista à TSF, Sérgio Monteiro diz que o Metro do Porto foi um sucesso, mas que é preciso não esquecer as enormes dívidas acumuladas. O secretário de Estado dos Transportes sublinha que omodelo financeiro atual não é sustentável e, por isso, não há data para recomeçar as obras de expansão da rede.
«Sabemos que endividamento excessivo não nos permitirá fazer investimento mais tarde e a capacidade orçamental de fazer esse investimento é hoje bastante menor», afirma.
Questionado sobre quando será possível recomeçar as obras de expansão do metro, Sérgio Monteiro prefere não adiantar qualquer data e sublinha «que nem é relevante estarmos a discutir quando é que voltaremos à senda do investimento. Devemos é criar condições para que logo que possível o possamos fazer».
O secretário de Estado defende que é preciso encontrar uma nova forma de financiamento para o metro, pois «a forma de financiamento atual não é sustentável. Não podemos colocar mais dívida em cima da dívida».
O secretário de Estado diz que há varias ideias em estudo para equilibrar as contas da Metro do Porto. Uma delas é criar mais espaços de estacionamento pago cujas receitas reverterão para o metro, um modelo que tambem poderá ser aplicado em Lisboa.
«Criando espaços onde as pessoas podem, em interfaces, deixar o seu automóvel individual. Isso é possível na área metropolitana do Porto e de Lisboa», esclarece.
Sobre a perda de passageiros do onde as pessoas podem, em interfaces, deixar os seus metro, Sérgio Monteiro diz que a causa não passa apenas pela fraude, mas também pelas greves. E dá o exemplo positivo, segundo diz, do Metro do Porto.
«A Carris, o metropolitano de Lisboa, Transtejo e Soflusa, STCP, a CP estão a perder passageiros, o metro do Porto não está a perder passageiros. O que significa que quem não está em greve em dia nenhum, como é o caso do metro do Porto, quem tem fiabilidade do serviço, quem todos os dias serve o cliente que comprou o passe ou o bilhete, esse modo de transporte não perde passageiros de um ano para o outro», sublinha Sérgio Monteiro.
O secretário de Estado não põe ainda de parte que a fusão com a STCP signifique a saída de trabalhadores numa lógica de eficiência e acordos voluntários. Sérgio Monteiro revela ainda que num ano já saíram 2.200 trabalhadores de todas as empresas de transportes.