O antigo diretor de informação da RTP Nuno Santos pediu hoje à presidente da Assembleia da República para falar sobre «a proteção de que devem gozar cidadãos» quando depõem no Parlamento, a propósito do seu processo disciplinar na RTP.
«Daqui lanço um apelo à senhora presidente da Assembleia da República para que se pronuncie, não sobre mim ou sobre este caso em concreto, mas sobre a proteção de que devem gozar cidadãos chamados a depor nas Comissões Parlamentares», afirmou o ex-diretor de Informação da RTP, que convocou a comunicação social para uma conferência de imprensa em que explicou a sua posição relativamente ao processo disciplinar que lhe foi movido pelo conselho de administração da RTP com vista ao seu despedimento.
Se o conselho de administração da RTP entende que passagens das declarações prestadas no Parlamento «consubstanciam a prática de grave infração disciplinar», Nuno Santos pergunta então "o que devem os cidadãos dizer quando chamados a prestar depoimento perante aquele órgão de soberania? A verdade ou o que é 'politicamente correto', com vista à manutenção, a qualquer custo, do seu posto de trabalho?".
«Aquilo que cada um de nós diz, nessa condição de cidadãos, perante as comissões [parlamentares] não pode ser condicionado, à partida, com medo das represálias que possamos sofrer por alguém poder ver nessas declarações delito de opinião, algo que há mais de 38 anos está banido da ordem jurídico-constitucional portuguesa», sustentou.
Nuno Santos considerou ainda ser "possível afirmar" que a conclusão do caso da visualização pela PSP de imagens da RTP não emitidas relativas à manifestação do passado dia 14 de novembro em frente ao Parlamento "corresponde, afinal, ao seu despedimento".
«E esse despedimento, que se segue à minha demissão por razões políticas, estava preparado, de acordo com todas as informações que recolhi, antes da minha ida à Comissão Parlamentar para a Ética, a Cidadania e a Comunicação da Assembleia da República», acrescentou.
Instado a esclarecer em que se baseava para fazer esta afirmação, Nuno Santos disse apenas «também» ser jornalista, escudando a afirmação num «conjunto de informações» que recolheu.