O antigo Presidente da República, Mário Soares, defendeu hoje que há «forças a tentar destruir a RTP para virem a beneficiar com a sua venda futura», frisando a importância de manter a televisão pública com independência.
«Acho isto uma coisa terrível», afirmou Mário Soares, na apresentação da coleção de DVD com a série documental "Memórias de um Portugal Futuro", baseada nos seus diários, que foi transmitida este ano na RTP.
Perante uma audiência que juntou no cinema São Jorge o patrão do grupo Impresa, Pinto Balsemão, e o ex-diretor de Informação da estação pública Nuno Santos, que se demitiu recentemente do cargo, o ex-chefe de Estado afirmou que quem esteve à frente da RTP «sabotou» a série «da pior maneira possível».
«Há alguém que não queria que esta série tivesse êxito e audiências grandes. Fez tudo para destruir o filme que tinha pago. Nunca vi a RTP anunciar a série. Quando estava agendada para passar num dia, era cancelada. O dinheiro não importou, importou foi destruir qualquer possibilidade de eu aparecer a falar das coisas», criticou.
Frisando que «a televisão portuguesa tem que manter a sua independência», Mário Soares sublinhou que «não é esse o caso» na RTP.
«Estou a bater-me pela escrita e pela palavra para que tenhamos um futuro melhor e Portugal venha a ser o país que queríamos que fosse», afirmou Soares, acrescentando depois «e que foi».
O ex-Presidente considerou que o país fez «um salto fantástico de desenvolvimento» em «anos fantásticos» em que se formaram «grandes cientistas, escritores» e outros profissionais que estão agora «impedidos de o ser e aconselhados a ir para o estrangeiro».
«Não posso aceitar isso, tenho que lutar», concluiu.