O bastonário da Ordem dos Médicos considera que, «neste momento, Portugal ainda não tem médicos mais, mas está a caminho de os ter» e, por isso, defende restrições no acesso aos cursos superiores.
O bastonário falava à entrada para o Juramento de Hipócrates, que esta noite levou cerca de 500 recém-licenciados em Medicina até à Casa da Música, no Porto, por iniciativa da Secção Regional do Norte da Ordem dos Médicos.
José Manuel Silva sublinhou que «o excesso de profissionais reduz a qualidade global do exercício da Medicina no país e mercantiliza a saúde».
O responsável admitiu que a sua posição pode ser vista como «excessivamente corporativa», mas alegou que, «para proteger os doentes, não devemos ter médicos a menos, que criam dificuldades de acesso aos cuidados de saúde, mas não devemos ter médicos a mais porque isso leva a uma mercantilização da saúde e dos doentes».
Por outro lado, afirmou que os «os recém-licenciados» que hoje fizeram o seu juramento devem manter a «esperança no futuro», mas referiu que «eles já têm a consciência de que o futuro vai ser muito difícil».
«Vão ter de enfrentar mais obstáculos do que aqueles que eu tive de enfrentar na minha carreira de médico, que possivelmente não haverá lugar para todos no nosso país e alguns terão que emigrar, o que é um contra senso», continuou.
Questionado sobre se Portugal tem médicos a mais, José Manuel Silva respondeu: «Neste momento, Portugal ainda não tem médicos a mais no exercício da profissão, mas está a caminho de os ter, de tal forma que, para a próximo ano, 200 a 300 jovens não irão ter nenhuma vaga de especialidade para poderem tirar a especialidade».
O bastonário comentou ainda nos cortes na Saúde, considerando que a dose aplicada peca por ser «excessiva», referindo que há notícias de estabelecimentos que foram obrigadas a «suspender cirurgias programadas» por terem crescentes «dificuldades de funcionamento».