Economia

Berardo ameaça deslocalizar investimentos (vídeo)

Joe Berardo durante a entrevista ao programa Dinheiro Vivo Global Imagens

Joe Berardo diz que em Portugal «ser rico é pecado» e pondera levar investimentos para o estrangeiro. A sua colecção de arte moderna fica no país pelo menos até 2016. João Jardim deve sair.

Joe Berardo considera que em Portugal «há uma perseguição aos ricos». Em entrevista à TSF e Dinheiro Vivo, afirma que «este é um país onde ser rico é pecado» e por isso o empresário pondera deslocalizar investimentos: «o que é que se vai fazer no futuro em Portugal? O que é o futuro dos meus netos? Não posso continuar aqui nesta situação». E quando questionado sobre a possibilidade de deslocalizar investimentos, o comendador remata: «disso não há dúvida. O conselho que o Governo dá é para emigrarmos».

Colecção de arte moderna fica no país e «não está à venda»

A colecção de arte moderna de Berardo, assegura o empresário, «não está à venda». Depois de várias notícias que deram conta do interesse de investidores estrangeiros no acervo - o último dos quais terá sido um empresário nova-iorquino com ligações comerciais à Rússia que ofereceu 750 milhões pelo conjunto das obras - o comendador deixa a certeza: a colecção fica no país pelo menos até ao final do acordo que assinou com o Estado, que termina em 2016. O Estado, que tem opção de compra sobre as obras de arte, «não tem dinheiro para a comprar», e mesmo que tivesse, precisa sempre, mesmo depois de 2016, do consentimento do empresário para a vender ao estrangeiro.

A colecção de arte moderna de Berardo está avaliada em mais de 300 milhões de euros e é tida como uma dos melhores da Europa. Parte dela pode ser vista no Museu Berardo, instalado no Centro Cultural de Belém, em Lisboa.

Alberto João Jardim deve «sair pela porta grande»

O empresário madeirense que começou a carreira de investidor na África do Sul e voltou a Portugal nos anos 80 influenciado, em larga medida, por Alberto João Jardim, entende que está na hora do chefe do Governo regional da Madeira pendurar as botas: «Não pode continuar. Tem de haver sangue novo. Não vou dizer que o sucessor deve ser este ou aquele; mas o tempo de dirigir a Madeira com bocas já passou. Ele devia sair pela porta da frente e os madeirenses deviam agradecer-lhe o trabalho que ele fez até agora.»

O empresário desmente ainda as notícias segundo as quais se encontra em grandes dificuldades financeiras ou mesmo na falência: «a minha situação financeira é muito boa»

Perfil

José Manuel Rodrigues Berardo, conhecido como Joe, nome que adoptou na África do Sul, é dono de uma das maiores fortunas do país. Mas não nasceu milionário. É o sétimo filho de uma família madeirense, onde começou por trabalhar a rotular garrafas e a servir às mesas.

Aos 18 anos partiu para a África do sul, onde deu largas ao espírito empreendedor. Apostou no negócio do ouro e ganhou. A partir daí entrou em vários sectores: diamantes, petróleo, papel, banca, entre outros. A notoriedade que alcançou no país deu-lhe um lugar no conselho consultivo do antigo presidente Pieter Botha.

Nos anos 80 regressou a Portugal, onde fez múltiplos investimentos em muitos sectores.

É accionista de referência do BCP e da ZON.

É dono de uma das maiores e melhores colecções de arte moderna da Europa. É, aliás um coleccionador compulsivo, um hábito que vem da infância, quando juntava selos, caixas de fósforos ou postais de navios que atracavam na Madeira, onde nasceu a 4 de Julho de 1944.

Joe Berardo foi feito comendador em 1979 pela mão do antigo presidente Ramalho Eanes. Foi também condecorado em 2004 por Jorge Sampaio.