As Nações Unidas alertaram hoje para o «grave risco de uma nova recessão» se não forem adotadas medidas de combate ao aumento do desemprego no mundo e manteve a revisão em baixa das previsões de crescimento económico.
O diretor do relatório da ONU sobre a "Situação e Perspetivas da Economia Mundial 2013", Rob Vos, afirmou que o «agravamento da crise na zona euro, o abismo orçamental nos Estados Unidos e um abrandamento brusco da economia chinesa poderão causar uma nova recessão global».
A ONU considera que as atuais políticas económicas baseadas na austeridade fiscal e nos cortes orçamentais «não conseguem oferecer o que é necessário para incentivar a recuperação económica e conter a crise do emprego».
«Apesar de os esforços terem sido significativos, especialmente na zona euro, a combinação de austeridade orçamental e de políticas monetárias expansivas teve um êxito desigual na hora de acalmar os mercados financeiros e menor êxito teve na hora de fortalecer o crescimento económico e a criação de emprego», refere o relatório.
A ONU defende então a alteração da estratégia em prol de políticas de consolidação orçamental a médio prazo, e não a curto prazo, num «esforço que deve ser coordenado a nível internacional e alinhado com políticas de criação de emprego e de crescimento sustentável».
Os especialistas das Nações Unidas consideram que a «economia mundial debilitou-se consideravelmente em 2012» e que a expetativa é que continue «deprimida nos próximos dois anos», mantendo a previsão de crescimento de 2,4 % para 2013 e de 3,2 % para 2014.
O relatório destaca que estas taxas de crescimento estão muito longe de contrariar a crise laboral que vários países enfrentam e alerta que, com as atuais políticas económicas, a «Europa e os Estados Unidos poderão demorar outros cinco anos a recuperar os empregos perdidos por causa da grande recessão de 2008 e 2009».
A recessão em várias economias da zona euro, o abrandamento económico dos Estados Unidos e a deflação no Japão «estão a afetar os países em desenvolvimento, através de uma procura mais débil das suas exportações e de uma maior volatilidade nos fluxos de capital e nos preços das matérias-primas», aponta o relatório.
A ONU manifestou a sua preocupação com a situação das principais economias em desenvolvimento, como a China, que «enfrentam um enfraquecimento da procura de investimento por causa das limitações financeiras em alguns setores da economia e de um excesso de capacidade de produção noutros».
A ONU prevê um crescimento na zona euro de 0,3 % em 2013 e de 1,4 % em 2014, nos Estados Unidos de 1,7 % em 2013 e de 2,7 % em 2014, no Japão de 0,6 % este ano e de 0,8 % no próximo e na China de 7,9 % em 2013 e de 8 % em 2014.