Economia

«Alinhamento inacreditável» entre APIFARMA e Ordem dos Médicos (vídeo)

João Cordeiro TSF/Dinheiro Vivo

O presidente da ANF fala numa «campanha» da indústria farmacêutica com a cumplicidade da Ordem dos Médicos para introduzir medicamentos com preços ditados pelos laboratórios.

O presidente da Associação Nacional de Farmácias (ANF) considera que há uma campanha orquestrada pela indústria farmacêutica com a cumplicidade da ordem dos médicos para introduzir novos medicamentos com preços determinados de forma arbitrária pelos laboratórios.

Entrevistado na TSF e Dinheiro Vivo João Cordeiro diz que «há uma campanha dos novos medicamentos, com um alinhamento inacreditável entre a APIFARMA [associação da indústria farmacêutica] e a Ordem dos Médicos.

Exemplo dessa campanha é, no entender do ainda presidente da ANF, o medicamento da paramiloidose: «O medicamento da paramiloidose custa por ano 120 mil euros ao Estado. Nunca vi a Ordem dos Médicos exigir à indústria - sobre este medicamento ou qualquer outro - uma explicação sobre o preço. Todos nós devíamos exigir à indústria farmacêutica que explique os preços». Questionado sobre se esse custo é excessivo, João Cordeiro diz que não sabe. Mas tem dúvidas: «gostava de saber quanto custa uma grama do princípio ativo. O preço não pode ser político. Tem de ser justificado pelos custos de produção».

E nem as as associações de doentes escapam à mira de João Cordeiro: «seria bom saber quem financia algumas delas».

«Nenhuma dúvida» em aceitar convite do PS que tanto criticou

João Cordeiro abandona a ANF no final de Janeiro de 2013 depois de mais de 30 anos a liderar o lóbi das farmácias para se dedicar à candidatura à Câmara Municipal de Cascais.

Esta é uma corrida em que entra como independente apoiado pelo PS - o mesmo PS que tanto criticou no passado, sobretudo na era Sócrates.

João Cordeiro, que chegou a festejar publicamente vitórias eleitorais do PSD e a confessar-se aliviado com a derrota de Ferro Rodrigues nas urnas, garante que não tem nenhuma dúvida ou inquietação por contar agora com o apoio do partido socialista: «nenhuma dificuldade. Posso dizer-lhe que quando o Eng José Sócrates saiu do Governo, escrevi-lhe uma carta e ele respondeu-me com um cartão pessoal extremamente simpático e que me sensibilizou muito. Eu defendi interesses que não eram incompatíveis, de modo algum, com a população portuguesa. As minhas grandes guerras aconteceram quando senti que havia interesses ocultos que se sobrepunham aos programas de governo».

O apoio do PS à candidatura de João Cordeiro à autarquia de Cascais terá gerado desconforto dentro do próprio Partido Socialista. O convite ao ainda presidente da ANF, que já noutras ocasiões desvalorizou esse alegado mal-estar, partiu da concelhia socialista de Cascais e não terá passado pela distrital.

A mulher de António José Seguro fez parte da direção da Associação Nacional de Farmácias. Também esse facto é desvalorizado por João Cordeiro.