Vida

Carreira de Eduardo Gageiro revisitada em exposição

Eduardo Gageiro Direitos Reservados

O repórter fotográfico lembrou que sempre quis captar o momento que permita contar uma história e mostrou-se crítico em relação aos resultados trazidos pela chegada da fotografia digital.

Uma exposição no Museu de Cerâmica de Sacavém, a inaugurar no sábado, passa em revista a carreira do fotógrafo Eduardo Gageiro, que ficou muito associado ao 25 de abril.

Então funcionário da Fábrica da Loiça de Sacavém, Eduardo Gageiro começou a fotografar com máquinas emprestadas, até que o seu pai decidiu oferecer-lhe uma Roleicord.

Com a sua máquina fotográfica, Eduardo Gageiro, citando Henri Cartier-Bresson, pretendia «captar o momento que me sensibiliza muito e que possa contar uma história» e não propriamente o «momento exato».

Em 1950, quando começou a fotografar, Gageiro lembrou que desconhecia este e os outros fundadores da Magnum, até porque não existiam revistas de fotografia em Portugal.

«Eu fazia isto», recordou este fotojornalista, que admitiu que depois se deixou influenciar por Cartier-Bresson e que, quando chegou aos jornais, foi aconselhado pelo escritor José Cardoso Pires a comprar a revista Life.

Este repórter fotográfico de 78 anos considera que qualquer pessoa fotografa usando meios digitais, contudo, os resultados são bem diferentes daqueles que se conseguiam quando a fotografia era produzida dentro de uma câmara escura.

«Não têm noção da composição e do momento. São bate-chapas», acrescentou Eduardo Gageiro, que defende mesmo que todos os paparazzi, que nem sequer considera serem fotojornalistas, «deveriam ser todos presos».

«Repugna-me esse tipo de [pessoas]», adiantou o fotojornalista, que entende que a chegada da fotografia digital ajudou ao atual estado de coisas no fotojornalismo.

O fotojornalista recordou ainda o 25 de abril quando foi aconselhado a levar todos os rolos que tinha para fotografia em que parecia que ia «acontecer qualquer coisa».

Eduardo Gageiro recordou que conheceu Salgueiro Maia após uma conversa com um soldado que não o deixava passar e que o capitão de Abril depois o autorizou o fazer o que quisesse.