Saúde

Responsável de estudo sobre hipertensão teme que crise prejudique controlo da doença

Hipertensão

O coordenador de um estudo nacional sobre Prevalência da Hipertensão Arterial (HTA) em Portugal disse hoje recear que «os bons resultados» obtidos no controlo da doença nos últimos dez anos possam regredir devido à crise económica.

O estudo concluiu que 42,2% dos portugueses sofre de hipertensão e destes 74,9% estão medicados. Revela ainda que 42,6% das pessoas com hipertensão têm a doença controlada, ou seja, quatro vez mais do que verificado no último estudo sobre hipertensão realizado em 2003.

Em declarações aos jornalistas, o cardiologista e investigador da Universidade Fernando Pessoa, Luís Martins, disse acreditar que «a crise vai afetar profundamente os valores alcançados» porque «os solavancos no Serviço Nacional de Saúde fazem regredir os índices de controlo».

Referiu, nomeadamente, o receio de que o Ministério da Saúde reduza a comparticipação de alguns dos medicamentos considerados mais eficazes para controlar a hipertensão arterial.

Entre os hipertensos medicados ainda há uma percentagem significativa que não está controlada. Para conseguir controlar a pressão arterial, 42% necessitam de dois fármacos.

«Quando se quer ter doentes controlados, as associações fixas de fármacos tem probabilidade de ter mais sucesso. Se começarmos a reduzir a comparticipação de alguns destes medicamentos isso irá contribuir para a redução do controlo da pressão arterial», sustentou.

Em seu entender, «é benéfico em grande parte dos casos recorrer a um fármaco de associação fixa (princípios ativos diferentes num mesmo comprimido) para evitar que os doentes tenham de tomar vários comprimidos».

Além disso, acrescentou, «temos de contar também com a menor possibilidade económica dos doentes para adquirir os medicamentos. Sabemos de doentes que tomam a medicação alternada (dia sim, dia não) para poupar».

Fernando Pinto defendeu ainda uma rotulagem dos alimentos fácil de entender relativamente à quantidade de sal que contêm, sugerindo um código de cores para facilitar a interpretação.