Um conclave no século 13 prolongou-se por dois anos, nove meses e dois dias, mas o último, que elegeu Bento XVI em 2005, durou apenas 24 horas.
Os cardeais da Igreja Católica Romana começaram hoje um conclave para eleger o 266º pontífice da Igreja e o sucessor do Papa Bento XVI, que abdicou inesperadamente no mês passado.
Eis alguns factos-chave sobre o conclave - um dos mais antigos e mais secretos processos eleitorais do mundo.
Quem - 115 cardeais que estão na faixa etária abaixo dos 80 anos, quando Bento XVI abdicou, estão a participar. Dois outros cardeais elegíveis não estão: um por razões de saúde e outro por causa do seu envolvimento num escândalo sexual. Noventa cardeais com 80 anos ou mais não podem participar. A pessoa escolhida como papa não tem que ser um dos cardeais eleitores, mas na prática sempre assim aconteceu.Os cardeais eleitores vêm de 48 países. Os italianos formam o maior bloco nacional, com 28 cardeais, contra 11 dos Estados Unidos, seis da Alemanha e cinco da Índia e do Brasil. Sessenta cardeais vêm da Europa, 19 da América Latina, 14 da América do Norte, 11 de África, 10 da Ásia e um da Oceânia.
Onde - Os cardeais iniciaram a reunião às 15h30 (GMT) na Capela Sistina, sob os frescos de Michelangelo do Juízo Final e de cenas bíblicas, incluindo o painel de criação com o dedo de Deus e do dedo de Adão. Os cardeais estão proibidos de comunicar com o mundo exterior - sem telefones, televisão ou Internet, na Casa Santa Marta.
[youtube:eKduujFwYBA]
História - A palavra conclave (do latim "cum clave", ou "com uma chave") remonta à eleição de Celestino IV, em 1241, quando cardeais foram trancados num palácio arruinado. Um conclave no século 13 durou dois anos, nove meses e dois dias. A duração média dos últimos nove conclaves foi de pouco mais de três dias. O último conclave que elegeu Bento XVI em 2005 durou apenas 24 horas.
Votação - Os cardeais deverão fazer a sua primeira votação já esta terça-feira. A partir de amanhã, quarta-feira, votarão duas vezes em cada manhã e duas vezes à tarde. Os cardeais suspendem a votação no sábado, se entretanto não tiver sido escolhido um pontífice, e retomam no domingo. Para vencer, um candidato precisa de uma maioria de dois terços ou, pelo menos, 77 votos.
Fumo - Depois de cardeais colocarem os nomes nos seus votos, em papel impresso com as palavras latinas "Eligo em Summum Pontificem" ("Eu escolho como Supremo Pontífice"), as folhas são queimadas e a fumaça surge de uma chaminé improvisada na Capela Sistina.Os sinais de fumaça, dizendo ao mundo que os cardeais elegeram ou não um novo papa, são esperados cerca das 11h00 e 18h00, em cada dia de votação. No entanto, a fumaça poderia surgir mais cedo, se o novo pontífice fosse eleito no primeiro escrutínio de uma das sessões.Fumo negro marca uma votação inconclusiva; fumo branco, acompanhado das badaladas dos sinos da Basílica de São Pedro, significa que um papa foi eleito.
"Habemus Papam" - Quando um papa é escolhido, um cardeal sénior aparece na varanda da Basílica de São Pedro e anuncia em latim: "Annuntio vobis gaudium magnum Habemus Papam" ("Eu vos anuncio uma grande alegria: temos papa"). Ele identificará o novo papa pelo seu nome, com seu primeiro nome traduzido na versão latina, e depois anuncia o nome papal que o novo líder da Igreja escolheu.Os nomes papais mais frequentemente escolhidos foram João (23 vezes), Gregório (16), Bento (16), Clemente (14), Inocêncio (13), Leão (13) e Pio (12).Após o anúncio, o novo papa passa à frente para fazer o seu primeiro discurso público e o seu primeiro "Urbi et Orbi" ("À cidade e ao mundo"), abençoando a multidão que se reuniu na Praça de São Pedro.
Mais notícias sobre o conclave papel aqui.