Vida

Suicídio diminui na Amadora

Um projeto, testado em 4 países europeus, reduziu as tentativas de suícidio na Amadora em 23%. É o resultado obtido no 2º ano de uma iniciativa que esteve no terreno 18 meses.

O estudo financiado pela União Europeia, envolveu centenas de profissionais e será apresentado esta quinta-feira. Os resultados, segundo o psiquiatra que orientou este trabalho, são muito positivos.

O projeto fez reduzir em um quinto o número de comportamentos suicidários (suicídios e tentativas de suicídio).

Amadora registou, no segundo ano da implementação do projeto, uma redução de 23%, ao passo que Almada (região de controlo) verificou um aumento de 13%, seguindo a tendência nacional. Em números absolutos, houve uma redução de 18% na Amadora em relação a Almada.

Em quase 3/4 dos casos contabilizados em ambos os concelhos, os ansiolíticos do tipo benzodiazepinas (Valium, Lorenin...) estavam presentes.

O projeto de prevenção do suicídio na Amadora começou a ser aplicado em outubro de 2008 e termina no fim deste mês.

É um projeto europeu, que foi também aplicado na Irlanda, Alemanha e Hungria, com realidades diferentes. Custou 4 milhões de euros e para Portugal (através da faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa) foram destinados cerca de 300 mil euros.

O projeto vai ser alargado agora a Beja e Matosinhos, com o objetivo de ser disseminado a todo o país.

A Amadora tem 175 mil habitantes, é a cidade com maior densidade populacional do país. A equipa que fez o estudo formou mais de 500 profissionais de toda a cidade, explica o psiquiatra Ricardo Gusmão, que orientou o estudo.

Esta formação serviu para ajudar os profissionais a lidarem com pessoas que apresentassem sintomas de depressão, acrescentou este profissional, sublinhando que o resultado foi animador.

Para além da formação a meio milhar de profissões chave, houve ainda uma campanha publicitária através de mupis, posters e panfletos com o objetivo de diminuir o estigma associado à doença.

Acresce ainda que foram feitos, antes e depois, dois inquéritos: um aos profissionais que receberam formação, outro à população via telefone. Os resultados foram positivos: duma maneira geral, depois da intervenção, a comunidade sentia-se mais apta a lidar com a depressão e o estigma tinha diminuido, condições que os técnicos consideram essenciais para prevenir suicidios.