O presidente da Comissão Europeia afirmou-se hoje muito satisfeito por o sétimo exame regular da 'troika' concluir que o programa português continua a ser bem executado, e insistiu que «os programas funcionam», dando como exemplo a Irlanda.
«É com muita satisfação que constato que o exame regular revelou mais uma vez que o programa português está a ser executado corretamente, no que diz respeito sobretudo ao grande objetivo do programa, que é a possibilidade de Portugal financiar-se diretamente nos mercados. A verdade é que a execução do programa tem permitido que os investidores retomem a confiança na economia portuguesa», afirmou Durão Barroso, no final de uma cimeira de chefes de Estado e de Governo da União Europeia.
Questionado sobre as revisões do défice, recessão e desemprego, para valores mais gravosos que o anteriormente projetados, o presidente do executivo comunitário sublinhou que «o objetivo do programa, no que respeita a Portugal e a outros países, é o país poder voltar a financiar-se por si próprio», e disse por isso ser importante realçar, até para «mostrar esperança», já que há consciência de que «há sacrifícios muito pesados que estão a ser feito», que «é possível o país voltar a um nível de crescimento».
«A prova de que os programas funcionam foi-nos dada ainda esta semana pela Irlanda. A Irlanda esta semana emitiu dívida a 10 anos e fê-lo a taxas inferiores às de Itália e de Espanha. Ou seja, um país ainda sob programa consegue ir ao mercado e ter melhores condições», disse, acrescentando que apontou como exemplo um país, «que aplicou um programa tão exigente quanto o português» e «já está hoje com crescimento (económico) e também crescimento de emprego».
José Manuel Durão Barroso apontou ainda que «é verdade que por causa de alguns fatores, incluindo fatores exógenos, a Comissão aceitou e vai propor que o esforço orçamental se mantenha em termos estruturais, mas permitir que se atinja o objetivo do défice abaixo de 3% do PIB em 2015», o que «é também um sinal da compreensão em relação à situação portuguesa e do apoio aos notáveis esforços dos portugueses».
«Continua a preocupar-nos muito o desemprego, nomeadamente o desemprego jovem, razão pela qual é necessário ter programas específicos para esta questão, nomeadamente através da reafetação dos fundos estruturais», disse, acrescentando ser «necessária uma implementação mais decidida destes objetivos».
O ministro das Finanças, Vítor Gaspar, anunciou hoje, após a sétima avaliação do Programa de Assistência Económica e Financeira por parte da "troika" (Comissão Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional) uma revisão da recessão de um por cento para 2,3 por cento este ano, além de admitir uma taxa de desemprego de mais de 18 por cento, com tendência a aumentar até 2014.
Todavia, segundo a 'troika', Portugal «continua no bom caminho» e «foi cumprido» o objetivo de défice orçamental para o final de 2012 e «preservada a estabilidade» do setor financeiro.
De acordo com um comunicado divulgado hoje, no quadro da sétima missão de avaliação da Comissão Europeia, do Banco Central Europeu e do Fundo Monetário Europeu, que começou a 25 de fevereiro e terminou quinta-feira, «o ajustamento externo excedeu as expectativas» e «está a avançar» a execução de um "vasto leque" de reformas estruturais.
No entanto, a 'troika' admite que o enfraquecimento da procura das exportações, em especial por parte da zona euro, a falta de confiança e a dívida acumulada do setor privado «estão a provocar ventos contrários à atividade económica que se têm revelado mais fortes do que fora previsto».