Silva Lopes apoia cortes substanciais nas pensões mais altas, mas não acredita que o Tribunal Constitucional aprove os cortes.
O antigo ministro das finanças considera que o valor da pensão do ex-presidente do BCP Filipe Pinhal é «extorsão». Pinhal apresentou, na semana passada, o Movimento dos Reformados Indignados e disse que a pensão que recebe vai sofrer um corte de 90 % - que qualificou de «extorsão». O antigo presidente do BCP não revelou o valor da reforma que recebe mas há um número avançado por diversos órgãos de comunicação social: 70 mil euros mensais, que com os cortes seriam reduzidos para 14 mil euros.
«Extorsão combate-se com extorsão»
José Silva Lopes usa a mesma palavra - «extorsão» - para descrever o valor da reforma do antigo presidente do maior banco privado português: «ele diz que é uma extorsão... extorsão é o rendimento que lhe atribuíram! Quando se atribui um rendimento - mesmo que seja de 20 ou 25 mil euros - num país onde há gente com reformas de 400 euros isso não é extorsão? Claro que é extorsão! Extorsão combate-se com extorsão. Sou ferozmente contra esse movimento».
Silva Lopes é «a favor de grandes cortes nas pensões altas. Cortar mesmo muito. O esquema pode levar a cortes de 90 % mas eu não vejo mal nenhum nisso. E - contra o meu próprio interesse - gostaria muito que o Tribunal Constitucional aprovasse estes cortes».
Desempregados a limpar matas? Só se for voluntariamente
Depois de na semana passada João Salgueiro, outro antigo ministro das finanças, ter defendido um programa de emergência para o desemprego que colocasse «desempregados a limpar matas» - mesmo que tivessem formação superior - Silva Lopes diz que compreende a ideia e que até a apoia apesar de saber que «um engenheiro a roçar mato não fica bem, mas se isso for uma forma de ele diminuir as suas dificuldades, porque não? Um programa desses devia ser ensaiado, numa base puramente voluntária. Quem se inscrevesse recebia mais do que o subsídio de desemprego». E quando falamos em engenheiros nestas atividades, «isso não quer dizer que fosse roçar mato como os outros, como os analfabetos; ele podia ser necessário para organizar equipas, fazer planeamento, etc».