Perto de três centenas de manifestantes, munidos de tachos e panelas, a agitar lenços brancos, estiveram concentradas próximo da residência oficial do primeiro-ministro, em São Bento, em Lisboa, a pedir a demissão do Governo.
A manifestação foi convocada com o propósito de voltar a vincar que "o Governo não tem condições para governar", como salientou à agência Lusa João Gustavo, um dos impulsionadores do movimento "Que se Lixe a Troika!".
João Gustavo sublinhou que a manifestação, que se iniciou cerca das 19:30, assinala «mais um momento de resposta à uma pseudo avaliação" da "troika'».
«Se fosse mesmo uma avaliação, o ministro [Vítor Gaspar] tinha de se demitir e o Governo, de admitir o seu falhanço. É isso que estamos aqui a dizer», frisou.
Apesar da chuva, João Gustavo assinalou que «está dentro das expectativas» a presença de três centenas de pessoas, numa manifestação convocada pelas redes sociais «há 24 horas.
«O povo está a expressar, de uma maneira muito assertiva e regular, o pedido de demissão do Governo. Assinala uma disponibilidade e prontidão para marcar um ritmo e, acima de tudo, o que está em causa é a mensagem e não o número de pessoas», disse João Gustavo, acrescentando que «os portugueses têm de dar resposta» às políticas de austeridade.
Por isso, João Gustavo revelou que, nos próximos dias, «certamente que vai haver mais marcações de manifestações pelo país fora».
Os manifestantes, que começaram a desmobilizar passado pouco mais de uma hora de manifestação, gritaram palavras de ordem, como "Demissão, já", "Abaixo a austeridade, não temos liberdade" e "Governo, escuta, o povo está na luta".
"Grândola, vila morena" também foi entoada pelos manifestantes.
A polícia colocou barreiras a cem metros da residência oficial do primeiro-ministro, impedindo o acesso dos manifestantes ao cruzamento da calçada da Estrela e a rua de Borges Carneiro.
O movimento "Que se Lixe a troika" marcou, para esta sexta-feira, uma manifestação, também no Porto, na avenida dos Aliados, para pedir a demissão do Governo.
O protesto, que está a ser convocado nas redes sociais, foi marcado depois da conferência de imprensa do ministro das Finanças, Vítor Gaspar, para apresentar os resultados da sétima avaliação da "troika" ao programa de ajustamento português.
O movimento criticou os números apresentados pelo ministro, que admitem a redução, «em cerca de 20 a 25 mil», do número de funcionários públicos, "o aumento da taxa de desemprego para os 18,5 por cento e a queda do PIB de 2,3 por cento, quando o previsto era de um por cento", como lembra João Gustavo.
A última manifestação organizada pelo movimento "Que se lixe a troika" realizou-se no passado dia 02 deste mês, em várias cidades do país e também em algumas cidades estrangeiras.