Turistas espanhóis, que esperavam para pagar as portagens eletrónicas na fronteira luso-espanhola no Algarve, queixavam-se de estarem perante uma situação «caótica» e «terceiro-mundista» e faziam promessas de não voltarem a Portugal.
Dezenas de veículos acumularam-se hoje junto aos sistemas de compra de títulos para a antiga Scut (Sem Custos para o Utilizador) da Via do Infante (A22), na fronteira junto à Ponte Internacional do Guadiana, sendo visível o desagrado que a situação estava a causar junto dos muitos turistas que ali se juntavam, sobretudo espanhóis.
Um deles era Miguel Báez, de Málaga (Espanha), que disse à agência Lusa não compreender a forma como Portugal está a tratar os turistas que procuram o país para passar férias.
«É a pior forma de receber um turista. Não penso que haja uma maneira pior, porque vens para passar uns dias, a desfrutar, e não contas com uma hora aqui à espera. Não há informação, ninguém sabe nada e têm de ser as pessoas que estão nas filas a passar a informação uns aos outros», disse este turista.
Questionado sobre a utilidade do novo atendimento telefónico para turistas, instalado junto ao sistema de aquisição de títulos pela empresa responsável, a Estradas de Portugal, Miguel Baéz respondeu negativamente: «Não, absolutamente. Não há nenhum tipo de informação, nem a polícia sabe nada do assunto. Estamos a informar-nos uns aos outros. Como turistas, escolhemos este destino porque gostamos muito, viemos mais do que uma vez e sempre nos trataram muito bem. Viemos ajudar Portugal, mas também não queremos que nos tratem desta maneira», lamentou.
Questionado sobre um eventual regresso, Miguel Baéz disse que pretende voltar a Portugal, mas frisou que vai queixar-se no hotel e na polícia, porque «não parece uma maneira justa de tratar os visitantes».
Também Cármen Martinez, de Córdova, disse à Lusa que as longas filas de carros estrangeiros que se acumulavam junto ao posto de polícia da fronteira lhe pareciam «terceiro-mundistas».
«Costumo viajar e isto não me aconteceu em nenhum lado. Já estive várias vezes em Portugal, entrei e saí do país, não tive problema nenhum, mas o que encontrei hoje aqui parece-me muito mal. Se não tivesse já reserva feita no hotel, dava meia-volta», disse esta turista espanhola, que estava há mais de uma hora parada para tentar comprar um título.
Questionada sobre um eventual regresso, Carmén Martinez respondeu que «seguramente não» se a situação «não for solucionada como deve ser, como em Espanha e qualquer país europeu, onde põem as portagens e pagas quando passas».
«Vimos para descansar uns dias, deixar divisas no país, o que é importante. E se te deparas com isto, que te dá vontade de não voltar», lamentou.
Confrontada com esta situação, a Estradas de Portugal respondeu que «os sistemas colocados à disposição são suficientes», mas frisou que está a pôr o enfoque num sistema (Easy Toll), que representa «85% do total de adesões» e «é eficaz».
A empresa referiu ainda que «conta neste momento com equipamentos capazes de dar resposta às necessidades dos clientes», com «simplicidade, facilidade de utilização», com apoio de um centro de atendimento telefónico e «rapidez».