Segurança

Guardas prisionais anunciam 40 dias de greve

Reuters

Os guardas prisionais afetos ao Sindicato Independente do Corpo da Guarda Prisional anunciaram uma greve de 40 dias, dividida em dois períodos entre maio e agosto.

A greve foi aprovada na quarta-feira por unanimidade numa reunião da direção do Sindicato Independente do Corpo da Guarda Prisional (SICGP), o menos representativo dos dois que respondem por esta classe profissional, mas que tem afetos «centenas de guardas prisionais», de acordo com o presidente, Júlio Rebelo.

Entre as reivindicações estão a aprovação do Estatuto do Corpo de Guardas, o profissional e o remuneratório, a eliminação dos cortes percentuais nas horas extra, a contratação de mais 800 efetivos para reforçar os mais de quatro mil existentes, e a otimização de serviços, excluindo, por exemplo, o trabalho administrativo das tarefas atribuídas aos guardas, por serem funções «para as quais não estão vocacionados».

Júlio Rebelo disse à agência Lusa que, na reunião de quarta-feira, foram aprovadas outras medidas de protesto, até à greve, como a não realização de tarefas fora da estrita competência dos guardas prisionais.

A greve vai decorrer entre 21 de maio e 9 de junho, no primeiro período, e entre 23 de julho e 11 de agosto, no segundo. Cada período é constituído por 20 dias consecutivos, durante os quais os guardas vão paralisar durante todo o seu horário de trabalho.

A divisão em dois períodos de greve pretende também ser uma forma de dar tempo à tutela para negociar.

«O sindicato decidiu marcar 40 dias de greve porque achamos que já é tempo demais de espera para a resolução dos problemas do corpo de guardas, que está há cerca de dois anos à espera de um estatuto profissional», declarou à Lusa o presidente do SICGP.

«Neste momento deparamo-nos com um corte percentual no pagamento de horas extra que consideramos ilegal, imoral e muito injusto, para quem desde 1987 dá cerca de 40 a 60 horas não remuneradas, todos os meses, ao Estado. O tempo de espera acabou», prosseguiu.

O sindicalista explicou que estes são os dois principais pontos de reivindicação dos guardas prisionais, e acusou a ministra da Justiça, Paula Teixeira da Cruz, de, em relação à revisão do Estatuto do Corpo de Guardas, não ter cumprido as promessas de incluir os sindicatos na negociação.

Quanto às horas extraordinárias, Júlio Rebelo referiu que não é justo que os guardas prisionais tenham um corte percentual no pagamento enquadrado no regime aplicado a toda a Função Pública, porque, ao contrário dos restantes funcionários públicos, não podem optar entre fazer ou não fazer horas a mais.