Economia

«Portugueses trabalham pouco e são desmotivados»

O presidente da Associação de Hotelaria considera que a ideia de que os portugueses trabalham muito é um mito. Miguel Júdice diz que os hotéis podem aumentar o salário mínimo.

Miguel Júdice contraria a ideia de que em Portugal se trabalha muito e bem: «eu acho que nós trabalhamos pouco e que esse é um dos problemas do nosso país». O ainda presidente da Associação de Hotelaria de Portugal [a nova direcção, encabeçada por Luís Veiga toma posse na próxima semana] diz mesmo que «quando queremos trabalhamos bem. Mas de uma forma geral há um défice motivacional nos portugueses em tudo o que fazem. Somos tristonhos a trabalhar». Uma atitude que, diz o co-presidente do Grupo Thema, muda quando se trata de trabalhar por conta própria: «mas quando é no nosso negócio, na nossa empresa, aí é um bocadinho diferente. Todos nós queremos um dia ter a nossa empresa, mas até lá não somos tão profissionais quanto depois exigimos dos nossos colaboradores quando somos empresários».

Hotéis podem aumentar o salário mínimo

Numa altura em que o país discute um eventual aumento do salário mínimo, Miguel Júdice assegura que desde que isso seja compensado com uma maior flexibilidade laboral, a hotelaria está disponível para fazer o esforço de aumentar a remuneração mensal mínima: «os hotéis nesta altura não estão em condições de aumentar nenhum custo. Mas apesar de tudo, um aumento do salário mínimo tem algum impacto positivo, sobretudo no consumo».

Mas não pelo aumento da capacidade financeira de quem ganha a remuneração mensal mínima: «Não quer dizer que quem ganhe o salário mínimo passe a ir para um hotel de cinco estrelas, mas vai haver uma cascata ao contrário: se o salário mínimo aumenta, outros rendimentos aumentarão também. E quem vai para o hotel de cinco estrelas vai consumir mais porque o seu negócio rendeu mais».

Mas esse aumento tem de vir acompanhado de «maior flexibilidade laboral. Vivemos num mundo em que temos de muito mais flexíveis e polivalentes». Como «no modelo da Autoeuropa, por exemplo».