No momento em que dois treinadores portugueses se preparam para discutir a presença nas duas finais europeias, a TSF conversou com Manuel Sérgio, cujas teorias na área das ciências humanas têm influenciado José Mourinho e Jorge Jesus. E com quem o professor universitário mantém contato regular.
A época futebolística aproxima-se da hora da verdade. O Benfica pode ganhar quase tudo ou nada: campeonato, Taça de Portugal e Liga Europa. O Real Madrid vê a Liga espanhola por um canudo. Resta a Taça do Rei e a Liga dos Campeões.
No que à Europa diz respeito, esta semana é «cheia»: Dortmund - Real Madrid, primeira mão das meias finais da Liga dos Campeões; quinta feira, Fenerbahçe - Benfica, primeira ronda das semifinais na Liga Europa. Não é novo para Mourinho, Jorge Jesus procura feito inédito. Uma final europeia.
Nestas horas decisivas, jogam-se todos os trunfos. Entre os dois treinadores portugueses, uma influência comum: Manuel Sérgio. O professor universitário, cujas teorias na área das ciências humanas têm sido instrumento de trabalho válido para Jesus e Mourinho.
Para Manuel Sérgio, não há dúvidas: «Jorge Jesus hoje é um homem melhor preparado, porque a própria vida que faz o leva a que ele seja capaz de refletir sobre a sua própria prática. E é verdade que fala comigo.Talvez seja verdade que eu tenha contribuído alguma coisa. Agora, o fundamental é a inteligência de Jorge Jesus», explica à TSF.
«O que eu desejo é que as conversas que ele [Jorge Jesus] tem tido comigo lhe sirvam para alguma coisa. Eu, Manuel Sérgio, serei incapaz de dizer algum dia que é por mim que um treinador de futebol alcance grandes vitórias», explica.
Manuel Sérgio recusa assim a ideia de ter «feito» qualquer treinador. Admite que aponta caminhos, uma vez que «através da sua própria prática», por exemplo, o treinador do Benfica evoluiria sempre.
«É evidente que tanto José Mourinho como Jorge Jesus falaram comigo horas, digamos, sobre determinados aspetos humanos que se prendem com o futebol. Agora eu estou convencido que mesmo sem o meu contributo eles seriam os treinadores que hoje são», considera Manuel Sérgio.
«Tenho 80 anos de idade, já não me fica bem vestir penas de pavão que não me pertencem».
«Defendo ideias há mais de 40 anos que hoje estão a ser apresentadas como novas. Isso digo, francamente. Mas já não digo que tenha ensinado determinado treinador de futebol, que tenha feito dele um treinador vencedor», afirma Manuel Sérgio.