Portugal

Lucro da RTP impede despedimento coletivo, diz Comissão de Trabalhadores

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A Comissão de Trabalhadores da RTP defendeu hoje que deixou de haver razões para invocar qualquer despedimento coletivo na empresa face ao lucro de 40 milhões de euros em 2012 e que a restruturação deve voltar ao zero.

«Há aqui grandes dúvidas, mas há uma coisa que podemos tirar já de imediato: um despedimento coletivo precisa de uma situação financeira frágil para o sustentar. Por isso, a partir de agora, deixou de existir essa pressão», afirmou hoje, em declarações à agência Lusa, Camilo Lourenço, da Comissão de Trabalhadores (CT) da RTP.

Camilo Lourenço comentava dados hoje avançados pelo Diário Económico, lembrando que, «apesar de a CT ter pedido, os balancetes trimestrais, [estes] nunca foram entregues».

De acordo com aquele jornal, a RTP «lucrou cerca de 41 milhões de euros no ano passado, sobretudo devido a efeitos irrepetíveis como o não-pagamento dos dois subsídios aos trabalhadores e operações financeiras».

Face a estas contas, o representante dos trabalhadores sublinhou que «a massa salarial da empresa não corresponde aos 40 milhões. Os dois meses [subsídio de férias e subsídio de Natal, que não foram pagos em 2012] correspondem a muito menos».

Segundo adiantou, os membros da CT da RTP ficaram «surpreendidos» com os números hoje conhecidos, porque durante o ano foram «confrontados com várias notícias» que davam conta do contrário.

«A empresa ia pedir um empréstimo para financiar as rescisões. Como é que uma administração agora aparece com lucros, dizendo durante o ano que não existe dinheiro para as rescisões? Qual a razão para o canal 2 ter estado à mingua de financiamento para ter programação, e está com aquelas audiências irrelevantes?», questionou.

Em abril, o presidente do Conselho de Administração da RTP, Alberto da Ponte, afirmou que o número de trabalhadores que tinham aderido ao plano de rescisões amigáveis estava acima de 180, mas que não permitia afastar a possibilidade de um despedimento coletivo.

Camilo Lourenço afirmou ainda que os números hoje conhecidos «tiram sustentabilidade ao plano de restruturação que foi entregue [ao Governo] no fim do ano e que foi apresentado pelo ex-ministro [responsável pela pasta da Comunicação Social] Miguel Relvas».

O plano tem como objetivo que o financiamento da RTP passe a ser feito através de 140 milhões de euros decorrentes da Contribuição do Audiovisual, em conjunto com 40 milhões de receitas comerciais, sendo que a equipa de Alberto da Ponte estima ainda um cenário de aumento das receitas comerciais na ordem dos 13% por ano em 2014 e 2015 para, respetivamente, 45 e 51 milhões de euros, fixando em 52 milhões de euros a previsão de receitas comerciais em 2016.