A Troika saiu esta sexta-feira de Lisboa com dúvidas sobre o plano de cortes na despesa do Estado.
Fonte do executivo, ligada ao processo negocial com a Troika, revelou à TSF que as conclusões destes cinco dias de trabalho da missão técnica da Comissão Europeia, Banco Central Europeu e FMI, apontam para riscos políticos e constitucionais na implementação das medidas apresentadas no início de maio.
No plano político, a Troika duvida da vontade e da capacidade do Governo para executar os 4,7 mil milhões de euros de cortes na despesa pública.
Um compromisso assumido por Pedro Passos Coelho na carta que enviou a Durão Barroso, Mário Draghi e Christine Lagarde a 3 de maio.
A mesma fonte do Executivo confessou à TSF que a negociação de Nuno Crato com Fenprof e FNE foi vista com maus olhos pela Troika.
Comissão Europeia, Banco Central Europeu e FMI consideram que a forma como o Governo cedeu em toda a linha perante os professores, no início da semana, é um caso exemplar e um sinal forte para outras áreas da administração pública, de que o Governo não tem força política para aplicar os cortes previstos, e de que a contestação e as greves podem compensar.
A Troika saiu de Lisboa com as mesmas dúvidas legais com que tinha chegado, dúvidas sobre os riscos constitucionais de algumas medidas, sobretudo a convergência entre as pensões da CGA e do regime geral da Segurança Social.
Esta visita intercalar passou a pente fino o trabalho do Governo, nos últimos dois meses, à roda das medidas de corte na despesa do Estado, e chegou a uma outra conclusão: a quantificação das medidas, o quadro com o impacto de cada medida que Passos Coelho juntou à carta de 3 de maio, tem valores que a Troika considera duvidosos.