Após um protesto que levou à interrupção dos trabalhos por mais de cinco minutos, a presidente do Parlamento lembrou que os deputados não foram eleitos para ter medo nem para serem coagidos.
A presidente da Assembleia da República admitiu, esta quinta-feira, rever as regras de acesso de cidadãos às galerias do Parlamento, após mais um protesto que levou à interrupção dos trabalhos por mais de cinco minutos.
Depois de pedir várias vezes a retirada das pessoas que se encontravam nas galerias, Assunção Esteves lembrou que os deputados não foram eleitos para ter medo e para ser coagidos».
Perante a «sucessão de acontecimentos como estes nas galerias», a presidente do Parlamento considerou também que «provavelmente também não fomos eleitos para não sermos respeitados».
«Provavelmente teremos de considerar as regras de acesso às galerias», acrescentou Assunção Esteves, após um longo protesto que inclui vaias, gritos, balões e lançamento de papéis.
A presidente da Assembleia da República aproveitou ainda para citar a filósofa francesa Simone de Beauvoir, que a escritora usou numa referência aos nazis.
«Não podemos deixar, como dizia a Simone de Beauvoir, que os nossos carrascos nos criam maus costumes», indicou Assunção Esteves, que já tinha citado esta frase em 2006 num debate no Parlamento Europeu quando era eurodeputada.
À saída do plenário, Assunção Esteves explicou que «esta frase significa que não nos podemos deixar perturbar» e que as suas palavras não se dirigiram aos manifestantes, mas sim para os trabalhos.
Questionada sobre quem era os "carrascos", a presidente da Assembleia da República disse que se tratava de uma «metáfora» e que «quando as pessoas nos perturbam não devemos dar consequência a essa perturbação».
«Significa qualquer elemento de perturbação, sem querer ofender nada nem ninguém», concluiu Assunção Esteves.