Economia

28 famílias por dia declararam falência no primeiro trimestre

Direitos Reservados

É um número que ajuda a clarificar o retrato da crise em Portugal. Nos primeiros três meses do ano, 28 famílias apresentaram diariamente pedidos de insolvência.

Há quatro anos que, a cada trimestre que passa, aumenta o número de famílias que recorre à justiça para declarar incapacidade financeira.

Os pedidos, mas acima de tudo as decisões dos tribunais, dispararam desde que a contabilidade começou a ser tratada estatisticamente em 2007.

O Diário de Notícias conta na edição de hoje que, desde o início do ano e até 31 de março, tinham sido decretadas 4149 falências de famílias, mais 5,5% em relação ao mesmo período do ano passado.

Em termos anuais, são quase quatro vezes mais insolvências individuais decretadas. Se fosse contabilizado apenas o primeiro trimestre de cada ano, o aumento é de seis vezes.

O DN analisa estes números, divulgados no final do mês passado pela Direção Geral de Política de Justiça, e revela que são 28 famílias por dias a declarar falência nos primeiro três meses do ano.

Não há nada nas estatísticas oficiais que permita apontar causas para o aumento das falências de famílias, mas o DN cita especialistas que apontam o desemprego crescente como causa maior, ao qual acresce a herança do endividamento excessivo.

Uma advogada, especialista em processos de falências, citada pelo DN, constata que a perspetiva de declarar falência era, há não muito tempo, a última opção. Hoje, começa a ser a primeira, o que pode justificar o disparo dos casos.

As famílias representam agora quase dois terços dos processos, o que não quer significa uma redução do número de falências de empresas. Pelo contrário, o número continua a crescer.

São três os setores-chave que dominam as estatisticas. Com mais de 30%, a indústria de transformados, e com cerca de 29% cada, os setores do comércio e reparação automóvel e a construção.

Cada processo de falência encaixa num escalão financeiro e mais de metade está entre os 1000 e os 50 mil euros. A taxa de recuperação de créditos, é escassa: não chega a 9%.

O aumento dos processos nos tribunais corresponde a um aumento de processos pendentes, mesmo com a redução do tempo médio dos processos. Passou de 41 meses em 2007, para 23 no início deste ano. Mesmo assim, são quase dois anos.