Há 50 anos parecia impossível, hoje começa a tornar-se realidade. O fim da indústria pesada na margem sul do Tejo e o tratamento dos esgotos melhoraram a qualidade da água, e estão a transformar o estuário numa zona balnear.
Carla Graça, da associação ambientalista Quercus, estima, no entanto, que será preciso, pelo menos, uma década até que as praias na margem Sul do estuário do Tejo - em Almada, no Seixal, no Barreiro, na Moita, no Montijo, em Alcochete - sejam uma realidade. E isso, alerta, vai acontecer apenas se o ritmo atual de recuperação do estuário se mantiver.
Em última instância, tudo depende «do plano de desenvolvimento para a região nos próximos anos». Nomeadamente, da decisão sobre a transferência do terminal de contentores de Lisboa para a Trafaria, em Almada, que «pode ter um grande impacto negativo na qualidade da água e de toda a zona balnear a sul do Tejo».
As praias do estuário do Tejo, considera Carla Graça, «estão no bom caminho», fizeram um progresso significativo com o fim das indústrias pesadas e com o tratamento dos esgotos nas duas margens do rio, mas estão «ainda bastante longe de uma bandeira azul». Longe é o caminho entre uma água de qualidade "razoável" e "excelente".
As autarquias «estão sensibilizadas para a valorização das frentes ribeirinhas», mas a classificação que a Ponta dos Corvos recebeu quer apenas dizer que esta «é uma praia aconselhável em termos de qualidade da água».
A partir daqui «há todo um conjunto de requisitos», como «a qualidade das areias, das infraestruturas, ou o apoio salva-vidas». Para além disso, «as pessoas decidem o que acham que é necessário para a sua prática balnear», acrescentou.