O Prémio Aga Khan 2013 para a arquitetura foi hoje atribuído a cinco projetos localizados no Sudão, Palestina, Marrocos, Irão e Áustria, que vão partilhar um milhão de dólares (770 mil euros).
Numa conferência de imprensa realizada hoje à tarde em Lisboa, a organização apresentou os cinco projetos vencedores, escolhidos entre os 20 finalistas, e arquitetos envolvidos no seu desenvolvimento.
O Centro de Cirurgia Cardíaca Salam, em Cartum, no Sudão, a revitalização do centro histórico de Birzeit, na Palestina, o projeto urbano de infraestrutura da Ponte Hassan II, em Marrocos, a reabilitação do Bazar de Tabriz, no Irão, e o Cemitério Islâmico em Altach, na Áustria, são os projetos vencedores.
Os distinguidos também serão apresentados numa cerimónia oficial no Castelo de São Jorge, em Lisboa, a decorrer a partir das 20:30, presidida pelo príncipe Shah Karim Al Hussaini IV Aga Khan, o Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, e o presidente da Câmara Municipal de Lisboa, António Costa, segundo a organização.
A capital portuguesa foi escolhida este ano para o anúncio deste prémio trienal, para projetos que marquem novos padrões de excelência na arquitetura, planeamento, preservação de património histórico e arquitetura paisagística.
Sobre o Centro de Cirurgia Cardíaca no Sudão, inaugurado em 1994, da autoria do Studio Tamassociati (Itália) para a organização não-governamental Emergency, que já serviu mais de 5,4 milhões de pacientes, o júri destacou que a arquitetura acolhedora «proporciona um protótipo exemplar para a região, bem como para o campo».
Quanto à revitalização do centro histórico de Birzeit, na Palestina, um projeto com cinco anos, inserido num programa de reabilitação de 50 aldeias, foi desenvolvido pelo Centro Riwaq para a Conservação da Arquitetura, uma organização não-governamental (ONG).
O júri comentou que o projeto reuniu «empresários e artesãos locais, num processo de cura que não é apenas físico, mas também social, económico e político».
Sobre a Ponte Hassan II, em Marrocos, que liga Rabat a Salé, criada por Marc Mimram Architecture (França) para a Agência para ao Desenvolvimento de la Vallée du Bouregreg, integrada num projeto de regeneração a grande escala, o júri destacou que constituiu «um modelo sofisticado e coeso para projetos de infraestrutura futuros, especialmente em locais de rápida urbanização».
Quanto ao Bazar de Tabriz, no Irão, que remonta ao século X, e funciona como principal centro comercial da cidade, foi alvo de um projeto desenvolvido pelas autoridades locais e pela Organização para o Património Cultural, Artesanato e Turismo (ICHTO), com apoio público e privado.
O júri considerou o projeto constitui «um exemplo notável de coordenação das partes interessadas, e de cooperação, para restaurar e revitalizar uma estrutura única».
O Cemitério Islâmico em Altach, na Áustria, passou a acolher os corpos de muçulmanos falecidos que, antes, eram enviados para os seus países de origem.
Um grupo multirreligioso e étnico defendeu a criação da infraestrutura e, com o apoio das autoridades locais, o cemitério abriu em 2012, em resultado de um projeto do gabinete austríaco Bernardo Bader Architects.
O júri do prémio destacou a forma como foi realizado «o desejo de uma comunidade de imigrantes, procurando a criação de um espaço que atenda às suas aspirações espirituais e, simultaneamente, responda ao contexto do seu país de adoção».
Estabelecido pela Rede Aga Khan para o Desenvolvimento em 1977, o prémio visa, em especial, identificar e promover conceitos de construção que correspondam de forma eficaz às necessidades e aspirações de comunidades com significativa presença muçulmana no mundo.