Também há zonas de sombra na vida dos que têm uma mente que brilha. Lisboa recebe a partir hoje um seminário para debater os problemas das crianças e jovens sobredotados.
As crianças e jovens com capacidades acima da média apresentam muitas vezes tendência para o isolamento e mau comportamento na escola devido ao desinteresse por matérias, na sua perspectiva, fáceis demais.
Os pais queixam-se de um sistema de ensino que apresenta falta de respostas adequadas para os sobredotados.
Há casos de pais que decidiram emigrar para proporcionar aos filhos uma aprendizagem que potencie essas capacidades.
Inês é como um adulto, mas carrega o peso de ter apenas 14 anos e ser sobredotada. Para trás tem um percurso muito complicado nas palavras da mãe. Aos 2 anos foi sinalizada com capacidades acima da média. Olga Oliveira diz que o pior veio depois quando começou a apresentar problemas de socialização.
O corpo vive desfasado das capacidades. Inês, que aprendeu chinês, ballet e flauta sozinha, frequenta o 11º ano. Podia estar na universidade, mas não quer.
Na escola pública, Olga Oliveira também não encontra do lado dos professores motivação para lidar com alunos como a sua filha.
O ensino superior vai ser uma nova etapa na vida de Inês. A família já decidiu que ela cá não fica.
Na casa de Alberto Carvalho o drama é semelhante. Aos 2 anos, o filho já usava um vocabulário rico e falava sem atrapalhações. Mais tarde na escola revelou-se uma criança com dificuldades no comportamento.
Alberto Carvalho não gosta da palavra sobredotado, mas convive com ela há 19 anos, sem certezas de que o futuro do filho seja tão risonho como parece.
Um risco de que vai falar-se hoje a amanhã no seminário internacional "Sobredotação Mitos e Rumos" que se realiza em Lisboa.