O consumo de antidepressivos mais do que triplicou entre 2000 e 2012, mas o Gabinete de Estudos e Projetos do Infarmed garante que o aumento não está relacionado com a crise.
A investigação Gabinete de Estudos e Projectos do Infarmed (Autoridade Nacional do Medicamento), publicada hoje, tinha como objetivo perceber se existiram alterações no uso de psicofármacos devido à assinatura do Memorando de Entendimento com a troika e foram analisados os números do consumo entre 2000 e os primeiros meses de 2013.
Os resultados revelam que, em perto de uma década, disparou o uso de antidepressivos. O consumo de antipsicóticos também subiu, mas muito menos, enquanto que o uso de sedativos e hipnóticos se manteve relativamente estável.
Contudo, o aumento do uso de antidepressivos nos últimos anos foi semelhante ao que já existia antes. Ou seja, o Infarmed conclui que esta variação não tem significado estatístico.
A conclusão do estudo refere claramente que os resultados indicam que «o número de doentes em tratamento com psicofármacos não aumentou em consequência da implementação das medidas do memorando» assinado com a troika.
A autora, uma investigadora do Infarmed, admite que em teoria as crises económicas acentuam os problemas de saúde mental.
No entanto, os resultados deste estudo não provam essa relação e são avançadas três razões possíveis: a rede social e familiar que existe em Portugal pode ter «atenuado» o impacto da crise; os médicos de família estão mais sensíveis ao uso correto destes medicamentos; ou então os doentes estão a procurar menos as consultas relacionadas com problemas de saúde mental e foi esse o fator que não fez disparar o consumo de medicamentos.