Vida

EDP corta eletricidade no bairro do Lagarteiro

Bairro do Lagarteiro Global Imagens/João Manuel Ribeiro

Muitos dos habitantes deste bairro do Porto vivem com grandes dificuldades e alguns acumulam dívidas enormes à EDP que reconhecem não poder pagar.

Centenas de famílias vão passar a noite sem eletricidade no bairro do Lagarteiro, no Porto, depois de a EDP ter decidido cortar o abastecimento elétrico devido a dívidas em atraso.

Muitas das pessoas que vivem neste bairro assumem as dificuldades em que vivem, uma vez que ou vivem do Rendimento Social de Inserção ou de pequenas pensões ou então foram, entretanto, apanhadas pelo desemprego.

Cristina Aguiar, mãe de cinco filhos, já acumula uma dívida de quase quatro mil euros em contas de eletricidade, a «qual muito sinceramente não tenho possibilidades de pagar».

Outra das moradoras do bairro do Lagarteiro que fez ficou sem eletricidade foi Conceição Lencastre, também mãe de cinco filhos.

Um dos filhos de Conceição Lencastre é deficiente motor e tem 23 anos e ficou impedido de carregar a bateria da sua cadeira de rodas. «Anda a tirar um curso e precisa da cadeira, mas não vai ter cadeira», explicou a mãe.

Maria do Céu Brandão, que ficou sem o seu Rendimento Social de Inserção, não tem dinheiro para pagar despesas, incluindo a conta da eletricidade e só tem água em casa, porque ela entra de forma ilegal.

Esta moradora conta que ela, como muitos outros habitantes do Lagarteiro, tinham eletricidade em casa através de ligações ilegais, «porque não há dinheiro para pagar».

A pensão solidária e de viuvez de Clara Graciano também não são suficientes para pagar as despesas e a conta da farmácia de um filho deficiente que tem a seu cargo.

Clara Graciano esperava fazer um contrato com a EDP com a pensão do seu falecido marido, mas agora a solução passa por colocar velas para o seu filho deficiente.

A EDP Distribuição disse que a ação efetuada esta quinta-feira teve com objetivo cortar ligações elétricas indevidas e interromper o fornecimento de energia elétrica aos clientes que não pagaram a fatura aos comercializadores com quem têm contrato.

Esta empresa confirmou também o aumento de fraudes nos últimos anos sobretudo devido à subida do número de ligações diretas à rede e manipulação de contadores.

Redação