Os produtores de vinhos portugueses não terão razão de queixa na safra do corrente ano. Mais quantidade e melhor qualidade caraterizam a produção de 2013. Esta é a opinião quer dos especialistas do produto, quer das associações do setor.
Apenas a península de Setúbal e a região do Tejo apontam para uma quebra da ordem dos 10% em relação ao ano passado. Em todas as outras regiões a produção deverá aumentar cerca de 7%, para um total estimado de 6,7 milhões de hectolitros, segundo as previsões do Instituto da Vinha e do Vinho.
As condições climatéricas particularmente favoráveis do corrente ano são a principal explicação quer para a melhor qualidade dos vinhos, quer para o aumento da produção. Mas a renovação das vinhas e os avultados investimentos feitos pelos produtores com ajudas comunitários concorreram também para estes resultados.
Para animar as boas perspetivas do setor, também as exportações do produto estão a registar bons indicadores em praticamente todos os vinhos de mesa. Os vinhos verdes registam uma particular "performance", prevendo-se um significativo aumento das exportações. "Vamos exportar cerca de 36 a 37% do nosso negócio, que é o maior valor de sempre. Esperamos aumentar as exportações em cerca de 12 a 13% em relação ao ano passado", revelou à Lusa o presidente da Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes (CVRVV), Manuel Pinheiro, facto que coloca 2013 como o ano recorde de vendas para o exterior.
O mercado americano, seguido da Alemanha e França são os principais responsáveis pelo "boom" exportador daquela bebida. Manuel Pinheiro justifica este crescimento das exportações com o investimento promocional de três milhões de euros feito naqueles países, dos quais metade foi direcionado para os Estados Unidos.
Produção mundial também em alta
No mesmo sentido vai a produção mundial, que este ano regista um crescimento muito acentuado em praticamente todos os países vinícolas. Se em 2012 a Europa registou a mais baixa produção de vinho das últimas três décadas, já o ano de 2013 assinala uma recuperação extraordinária em praticamente todas as regiões demarcadas.
Segundo a Organização Internacional do Vinho (OIV) a produção deste ano fixa-se em mais de 280 milhões de hectolitros (Mhl), contra 258 no ano passado. As estimativas da OIV no final de Outubro dizem que a União Europeia registará uma produção de 164 Mhl, sobretudo à custa do crescimento da produção espanhola, superior a 23%, e uma espetacular subida de 80% na produção romena.
Também os produtores extra-europeus registam importantes aumentos, como é o caso dos Estados Unidos (22 Mhl), mas sobretudo o Chile com um novo recorde de 12,8 Mhl, e a Argentina com um crescimento de 27%, para uma produção de 13,5 Mhl. A Nova Zelândia alinha num novo recorde de 2,5 Mhl, e a Argentina cresce 27%, averbando uma produção da ordem dos 15 milhões de hectolitros.
A acompanhar o aumento da produção segue também o consumo, que continua a conquistar novos espaços, nomeadamente nos superpopulosos países asiáticos, por contraponto aos mercados dos produtores tradicionais, que tendem para a estabilização.