Política

PS acusa Passos Coelho de discurso «profundamente radical»

Eurico Brilhante Dias Global Imagens/Álvaro Isidoro

O secretário nacional do PS, Eurico Brilhante Dias, acusou hoje o primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, de um discurso «profundamente radical».

«Não há nenhum português que oiça aquelas palavras e que possa deduzir dessas palavras uma vontade genuína de entendimento», disse Eurico Brilhante Dias na sede do PS, em Lisboa, no dia seguinte a Passos Coelho ter defendido que um compromisso de médio e longo prazo que envolva os socialistas é essencial para o financiamento de Portugal e sugeriu que o atual discurso do PS assusta os mercados.

«Acha que algum português que ouviu esse discurso profundamente radical do primeiro-ministro pode querer mesmo acreditar que o primeiro-ministro quer algum entendimento?», interrogou o socialista.

O Governo, disse Brilhante Dias, «deixou de governar, passou apenas a fazer oposição à oposição, e em particular ao PS», o que, diz, se percebe: «este Governo governou nos últimos 28 meses contra os portugueses, contra os partidos da oposição, contra as propostas dos partidos da oposição», sustentou.

«Este governo é o Governo que nos últimos 28 meses se autopropôs um conjunto de objetivos: no défice falhou, na dívida falhou, no desemprego falhou. Enviou portugueses para a emigração, não cumpriu nenhum dos seus objetivos. Foge às suas responsabilidades e ataca a oposição e o PS», concretizou ainda o secretário nacional socialista.

Questionado sobre uma notícia de hoje do semanário Expresso, que diz que o vice-primeiro-ministro, Paulo Portas, irá enviar uma missiva ao secretário-geral socialista, António José Seguro, na procura de um consenso sobre diferentes matérias, Brilhante Dias diz que o PS não tem o hábito de «fazer política pelos jornais» e que ao largo do Rato não chegou nenhuma carta nesse sentido.

«Ao PS não chegou nenhuma carta. E todas as cartas, as que chegarem, terão naturalmente resposta. A sede parlamentar continua a sede da discussão das propostas para resolver problemas», declarou.

Num discurso de mais de uma hora, que terminou perto da meia-noite, o presidente do PSD e primeiro-ministro procurou na sexta-feira desmontar o que apelidou de «ideias mistificadoras» dos socialistas e, considerando que «aquilo que é hoje dito em Portugal pelo PS é muito escrutinado em termos externos», apelou para que a direção de António José Seguro assegure o cumprimento dos compromissos assumidos por Portugal.

Passos Coelho referiu-se desta forma ao efeito do atual discurso PS nos mercados: «Quando o principal partido da oposição proclama aos quatro ventos que quando chegar ao Governo irá desfazer tudo aquilo que nós fizemos e acha que a única maneira é, no fundo, esperar que a Europa resolva o nosso problema, aqueles que nos emprestam dinheiro pensam 'bem, se naquele país as pessoas começam a ficar cansadas do caminho que está a ser seguido e há uma probabilidade de aquele partido ganhar as eleições, se calhar é melhor ser prudente e não pôr lá o nosso dinheiro'».

Redação